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crise da água água potável
2008-03-24

Para dois bilhões de pessoas, água potável é um produto precioso. Nas próximas duas décadas, esse número poderá até se duplicar. Mas a ajuda ao desenvolvimento pode contribuir para melhorar o abastecimento de água. A escassez de água se deve a três fatores: o crescimento da população mundial, a desigualdade na distribuição e, por fim, a mudança do clima, pois as regiões mais secas estão se tornando cada vez mais secas.

Para reverter esse quadro, será necessário encarar de frente alguns problemas, segundo aponta o Prof. Ulrich Rott, da Universidade de Stuttgart: "Há regiões rurais pouco povoadas e difíceis de abastecer. Com redes de encanamento dificilmente é possível organizar um abastecimento de água economicamente viável".

Alemanha como modelo?
Na Alemanha, o abastecimento de localidades afastadas dos grandes centros também sai extremamente caro. Mas é justamente a falta de água potável que ocasiona a evasão da zona rural em todo o mundo e o aumento dos bairros pobres nas cidades grandes. As megacidades, em rápido crescimento, não podem mais ser abastecidas pelas regiões periféricas. A água precisa ser transportada de lugares mais longínquos.

"Isso requer capacidades de transporte gigantescas. Mais importante ainda é transportar o esgoto para fora das megacidades", afirma Rott. Isso, sem falar no processo de depuração pelo qual o esgoto deve passar antes de ser reconduzido aos rios: "São problemas que atingem quase três milhões de pessoas e até hoje não foram resolvidos".

Há aproximadamente 30 ou 40 anos, o esgoto de muitas cidades grandes alemãs ainda era conduzido diretamente aos rios, sem qualquer depuração. É por isso que a ajuda ao desenvolvimento alemã já tem experiência quando se trata de empregar 350 milhões de euros por ano em projetos de abastecimento de água em outras partes do mundo. Só tecnologia não basta: "Há religiões que consideram a água uma dádiva divina, a ser oferecida de graça aos seres humanos".

Informar em vez de cavar poços
O que essas culturas precisam entender é que a água pode ser um bem gratuito, mas a infra-estrutura técnica não foi dada por Deus. Além disso, sua construção não é barata. A criação de infra-estruturas de abastecimento de água e seu funcionamento requerem especialização. "Isso já existe na Alemanha há 100 anos, mas esse não é o caso de muitos países", lembra Rott.

Muito do que já se experimentou na Alemanha pode ser reaproveitado em outros lugares. Na Bolívia, a Cooperação Técnica Alemã (GTZ) reforçou as usinas através de fusões. Na Jordânia, foi possível reduzir em 40% as perdas no abastecimento de água e, na Zâmbia, foram criadas leis e um órgão de inspeção para garantir sobretudo o abastecimento das classes mais pobres através de centrais de água privadas.

Longe de projetos grandiosos
A ajuda ao desenvolvimento também tem que aprender com os erros dos países industrializados. Projetos como o sistema de irrigação que levou o Mar de Aral a secar, ou como o que ocasionou o rebaixamento do nível de água na Índia, ou como a Represa de Três Gargantas, na China, com sua conseqüências ecológicas e sociais, mostram que só tecnologia não adianta.

Dieter Gerten, do Instituto de Pesquisa de Efeitos do Clima da Universidade de Potsdam, recomenda cautela: "Construir barragens ou desviar o curso de rios – há que se ter muito cuidado com a expansão de projetos como esses". O melhor seria aumentar a eficiência de instalações já existentes. "Medidas mais leves" é o que se recomenda. Na agricultura não irrigada reside um grande potencial, a ser explorado através de certas técnicas de utilizar o campo. "O consumo de água das plantas pode ser otimizado. A idéia é conseguir o máximo de produção de biomassa com o mínimo de água".


Cajo Kutzbach (sm)Ajuda ao desenvolvimento pode combater escassez de água
Para dois bilhões de pessoas, água potável é um produto precioso. Nas próximas duas décadas, esse número poderá até se duplicar. Mas a ajuda ao desenvolvimento pode contribuir para melhorar o abastecimento de água. A escassez de água se deve a três fatores: o crescimento da população mundial, a desigualdade na distribuição e, por fim, a mudança do clima, pois as regiões mais secas estão se tornando cada vez mais secas.

Para reverter esse quadro, será necessário encarar de frente alguns problemas, segundo aponta o Prof. Ulrich Rott, da Universidade de Stuttgart: "Há regiões rurais pouco povoadas e difíceis de abastecer. Com redes de encanamento dificilmente é possível organizar um abastecimento de água economicamente viável".

Alemanha como modelo?
Na Alemanha, o abastecimento de localidades afastadas dos grandes centros também sai extremamente caro. Mas é justamente a falta de água potável que ocasiona a evasão da zona rural em todo o mundo e o aumento dos bairros pobres nas cidades grandes. As megacidades, em rápido crescimento, não podem mais ser abastecidas pelas regiões periféricas. A água precisa ser transportada de lugares mais longínquos.

"Isso requer capacidades de transporte gigantescas. Mais importante ainda é transportar o esgoto para fora das megacidades", afirma Rott. Isso, sem falar no processo de depuração pelo qual o esgoto deve passar antes de ser reconduzido aos rios: "São problemas que atingem quase três milhões de pessoas e até hoje não foram resolvidos".

Há aproximadamente 30 ou 40 anos, o esgoto de muitas cidades grandes alemãs ainda era conduzido diretamente aos rios, sem qualquer depuração. É por isso que a ajuda ao desenvolvimento alemã já tem experiência quando se trata de empregar 350 milhões de euros por ano em projetos de abastecimento de água em outras partes do mundo. Só tecnologia não basta: "Há religiões que consideram a água uma dádiva divina, a ser oferecida de graça aos seres humanos".

Informar em vez de cavar poços
O que essas culturas precisam entender é que a água pode ser um bem gratuito, mas a infra-estrutura técnica não foi dada por Deus. Além disso, sua construção não é barata. A criação de infra-estruturas de abastecimento de água e seu funcionamento requerem especialização. "Isso já existe na Alemanha há 100 anos, mas esse não é o caso de muitos países", lembra Rott.

Muito do que já se experimentou na Alemanha pode ser reaproveitado em outros lugares. Na Bolívia, a Cooperação Técnica Alemã (GTZ) reforçou as usinas através de fusões. Na Jordânia, foi possível reduzir em 40% as perdas no abastecimento de água e, na Zâmbia, foram criadas leis e um órgão de inspeção para garantir sobretudo o abastecimento das classes mais pobres através de centrais de água privadas.

Longe de projetos grandiosos
A ajuda ao desenvolvimento também tem que aprender com os erros dos países industrializados. Projetos como o sistema de irrigação que levou o Mar de Aral a secar, ou como o que ocasionou o rebaixamento do nível de água na Índia, ou como a Represa de Três Gargantas, na China, com sua conseqüências ecológicas e sociais, mostram que só tecnologia não adianta.

Dieter Gerten, do Instituto de Pesquisa de Efeitos do Clima da Universidade de Potsdam, recomenda cautela: "Construir barragens ou desviar o curso de rios – há que se ter muito cuidado com a expansão de projetos como esses". O melhor seria aumentar a eficiência de instalações já existentes. "Medidas mais leves" é o que se recomenda. Na agricultura não irrigada reside um grande potencial, a ser explorado através de certas técnicas de utilizar o campo. "O consumo de água das plantas pode ser otimizado. A idéia é conseguir o máximo de produção de biomassa com o mínimo de água".

(Por Cajo Kutzbach, Deutsche welle, 22/03/2008)
 


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