Os interessados na programação técnico-científica do 4° Fórum das Águas do Rio Doce, que será realizado dos dias 2 a 5 de abril, em Linhares (norte do Estado), já podem se inscrever. O evento espera reunir 100 mil visitantes, e terá atividades variadas, voltadas para a comunidade científica, universitários, crianças, ambientalistas, técnicos e curiosos sobre o assunto.
Segundo a organização do evento, as atividades serão agrupadas em Unidades Programáticas, reunidas em diversidade de temas, setores da sociedade e faixa etária, de acordo com seus objetivos e interesses, para facilitar o envolvimento dos parceiros e do público.
O acesso a todas as atividades é gratuito à população, que terá a oportunidade de participar de mini-cursos, palestras, debates, mesas redondas, visitas técnicas, encontros e reuniões. Também participam do evento apresentando seus projetos os Comitês de Bacias Hidrográficas (CBHs) e entidades ambientais.
As inscrições podem ser feitas até o dia 25 de março no site www.aguasdoriodoce.com.br .
O Fórum das Águas do Rio Doce é realizado anualmente, alternadamente em Minas Gerais e no Espírito Santo. O evento é um dos meios utilizados pelo Projeto Águas do Rio Doce para despertar interesses na sociedade para a questão das águas.
Há anos o Rio Doce vem sendo destruído, e em alguns períodos chega a ficar intermitente na sua foz. Na quase totalidade das cidades da bacia do Rio Doce, as prefeituras lançam seus esgotamentos sanitários sem tratamento, e também as indústrias poluem e degradam bacia, nos dois estados. Há ainda pastagens improdutivas, e as plantações de café não é feita de modo sustentável: os cafezais são plantados em áreas de grande declividade, e o trato permite aumentar a erosão.
Além disso, há uso intensivo de agrotóxicos que causam doenças e mortes em humanos, plantas e animais. Os plantios de eucalipto, tanto em Minas Gerais, como no Espírito Santo, consomem muita água e contribuem para secar a água do rio. A destruição da mata atlântica desregula o ciclo das águas. Para abastecer suas fábricas, a Aracruz Celulose fez a transposição das águas do Rio Doce para o rio Riacho de forma criminosa.
Com tantos problemas, já há alguns anos foi confirmada a previsão: o Rio Doce morreu. Existe apenas areia em lugar de água em alguns trechos do leito do Rio Doce no Espírito Santo. Ele é o mais importante do Estado pela extensão de sua bacia e volume. A intermitência do rio já ocorre de Colatina a sua foz, em Regência.
No inicio da década foi registrada a vazão de 150 metros cúbicos por segundo, a menor de todos os tempos. A situação é alarmante e sem perspectivas de melhora, pois as ações anunciadas em geral ficam no papel.
A bacia hidrográfica do rio Doce tem área de 83.400 km² nos estados de Minas Gerais e Espírito Santo. Perto de 3,5 milhões de pessoas vivem hoje na bacia, em 230 municípios (28 dos quais capixabas).
Segundo os organizadores do Fórum, atualmente existem oito comitês de bacias hidrográficas de rios afluentes do Doce em funcionamento. Seis comitês em Minas Gerais: CBH-Piranga, CBH-Piracicaba, CBH-Santo Antônio, CBH-Suaçuí Grande, CBH-Caratinga e CBH-Manhuaçu. No Espírito Santo: CBH-Guandu e CBH-Santa Maria do Doce. Há um terceiro comitê capixaba em fase de instalação, o CBH-São José. Eles atuam na gestão das águas, buscando integrar-se ao comitê de âmbito federal, que abrange os dois estados (o CBH-Doce).
(Por Flávia Bernardes,
Século Diário, 20/03/2008)