O Japão conseguiria, até 2020, diminuir suas emissões de gases do efeito estufa para um patamar 11 por cento inferior aos níveis de 2005, afirmou um estudo do Ministério do Comércio do país divulgado na quarta-feira (19/03). A cifra representa um corte muito menor nas emissões do que o proposto por autoridades da Organização das Nações Unidas (ONU) e pela União Européia (UE).
O Japão conseguiria atingir essa meta por meio de reformas em seu sistema de suprimento de energia, o que incluiria instalar painéis solares em 70 por cento das novas moradias e ampliar a participação da energia nuclear na geração de eletricidade - passando a representar 45 por cento do suprimento total, em vez dos atuais 30 por cento -, bem como melhorar em 15 por cento a eficiência no consumo de combustíveis em veículos automotores.
As medidas fariam com que as emissões do Japão caíssem para 1,214 bilhão de toneladas em equivalentes do gás carbônico até 2020, o que significaria uma redução de quase 11 por cento em relação aos 1,359 bilhão de toneladas registrados em 2005, afirmou o estudo, que calculou os custos desses cortes em mais de 500 bilhões de dólares.
A emissões totais do Japão até 2020 ficariam, segundo as estimativas, 4 por cento abaixo dos níveis registrados em 1990, a base de cálculo usada pelo Protocolo de Kyoto. Mas essa redução é pequena quando comparada com os planos de corte da União Européia (UE), que pretende diminuir até 2020 em um quinto seus níveis de emissão em relação aos registrados em 1990.
O chefe da área de mudanças climáticas da ONU, Yvo de Boer, dirige atualmente os esforços para prorrogar ou substituir o Protocolo de Kyoto depois de 2012 e defende que os países desenvolvidos adotem, para 2020, o compromisso de cortar suas emissões para um patamar de 25 a 40 por cento inferior aos níveis de 1990. A defesa dessa meta deverá ser feita no encontro de julho do Grupo dos Oito (G-8), marcado para ocorrer no Japão.
A próxima rodada das negociações lideradas pela ONU sobre as mudanças climáticas deve ocorrer em Bangcoc entre os dias 31 de março e 4 de abril, em meio a um processo previsto para terminar em 2009 e que deve resultar em um pacto global que comprometeria todos os países do mundo com a adoção de medidas para enfrentar as mudanças climáticas.
(Estadão Online, Ambiente Brasil, 20/03/2008)