Ao contrário do que acontece no campo, onde a chuva é sinônimo de prosperidade e colheita farta, nas cidades – onde vivem cerca de 81% da população – os dias de chuva são associados a trânsito lento, enchentes e outros incômodos que associam o mau-humor aos dias nublados.
Aos poucos, o brasileiro começa a perceber que a água que cai nos telhados deve ser mais bem aproveitada antes de sumir pelos ralos. “Há cinco anos, falar em aproveitamento de água de chuva no Brasil era coisa só para ecologistas; hoje é uma realidade, e as empresas e pessoas físicas já constroem pensando neste uso. O desperdício habitual precisa dar lugar ao uso inteligente da água”, afirma o engenheiro Paulo Schaefer, diretor comercial do AcquaSave.
Alguns estados como São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo e Paraná estão adotando ou já implantaram a lei de retenção da água de chuva como medida para amenizar os impactos causados pela impermeabilização do solo urbana, que impede que a chuva se infiltre no solo ou evapore como antigamente.
As águas captadas da chuva podem ser utilizadas na higienização de bacias sanitárias, limpeza de pisos, lavagem de carros e outras atividades que não exigem água potável. Segundo estatísticas, essas ações representam cerca de 50% do consumo das águas nas cidades.
“O armazenamento de água de chuva é uma forma muito eficaz de retenção, pois o que não for aproveitado é liberada para infiltração no solo reabastecendo o lençol freático. O funcionamento é, em escala menor o de um ´piscinão´, impedindo que a enxurrada chegue imediatamente nas ruas e no sistema de drenagem, que não comporta o volume excessivo. O aproveitamento e o manejo correto da água de chuva e a instalação de telhados verdes são passos importantes para compensar os efeitos da impermeabilização crescente nas cidades”, afirma Jack Sickermann, especialista em aproveitamento de água de chuva.
Dessa forma a água de chuva guardada, infiltrada e evaporada não corre pelas ruas, não carrega lixo nem poluentes, evitando doenças e amenizando os impactos sobre as cidades. Não é por outra razão que existem diversos Projetos de Lei propondo a instalação deste mecanismo em todas as novas construções em todo o País.
(Carbono Brasil, 20/03/2008)