Os longos períodos sem chuvas, agravados pela falta de recursos financeiros da população que reside no sertão nordestino, as dificuldades de acesso às tecnologias de construção de baixo custo e o mau uso dos recursos naturais existentes da região levaram um grupo de pesquisadores da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), coordenado pelo Prof. José Geraldo Baracuhy, a desenvolver o projeto eco-residência.
A primeira eco-residência foi construída na comunidade de Latadinha, zona rural do município de São José do Sabugi (Paraíba). O projeto da casa, que contou com apoio financeiro do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e tecnológico (CNPq/MCT), busca proporcionar ao agricultor da zona rural nordestina condições de viver em grandes períodos sem chuva e de altas temperaturas com bem-estar e sem alterar radicalmente seu dia-a-dia a partir de métodos ambientalmente corretos.
Métodos ecológicos O telhado da casa foi projetado com inclinação e quedas d´água para favorecer uma adequada captação das raras águas das chuvas. A cisterna que armazena a água foi construída próxima à residência, numa altura superior do terreno, para permitir o abastecimento apenas por gravidade, sem utilizar bombas ou qualquer outro contato.
“Até a arquitetura da casa buscou preservar o meio ambiente e reduzir custos, procurando resgatar velhos costumes da região, como a colocação de um sótão na casa. O interior da casa é arejado e bem iluminado, em razão do pé-direito alto e janelas maiores, o que resulta em maior circulação de ar, menor transpiração e consumo água. Quanto à estrutura, foi construída sob fortes fundações, pilares e vigas em concreto armado e produção de tijolos ecológicos, utilizando solo-cimento”, disse o pesquisador José Geraldo Baracuhy.
Como foi observado que a água utilizada para lavar as roupas eram despejadas no solo, encontrou-se a solução de reaproveitá-la, após a filtragem e decantagem, nas descargas sanitárias, reduzindo consideravelmente o consumo. Até estes resíduos sanitários, como também da cozinha, têm mecanismo para reutilização e infiltração no solo.
Custo
Para implementar o modelo da eco-residência, os pesquisadores de Campina Grande escolheram um local com grandes dificuldades em captação de água, sem poços tubulares, com usuários freqüentes de carros-pipa e dependentes das chuvas para represar a água. Em razão da opção por trabalhar com materiais alternativos e acabamento mínimo necessário, reduziu-se o custo em quase 50% em uma construção de 78m2 de área construída (casa, sótão e lavanderia), resultando num custo de R$ 10, 6 mil, enquanto uma residência convencional na região alcançaria cerca de R$ 20 mil.
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Rema Atlantico, 20/03/2008)