O Observatori del Deute en la Globalització (ODG) e Ecologistas em Ação expressam preocupação com um projeto de importantes repercussões ambientais e sociais que a Companhia Espanhola de Seguros de Créditos à Exportação (CESCE), vinculada ao Ministério da Indústria, Turismo e Comércio, que irá apoiar com fundos públicos, tenta pôr em prática.
De fato, depois um exaustivo exame do Estudo de Impacto Ambiental apresentado pela empresa espanhola ENCE à Direção Nacional de Meio Ambiente do Uruguai, as organizações REDES- Amigos da Terra Uruguai (REDES-AT), o Movimento Mundial pelas Florestas Tropicais (WRM) e o Grupo Guayubira, expressaram que o Estudo de Impacto Ambiental apresentado pela empresa espanhola ENCE para a instalação de uma planta de celulose na localidade de Punta Pereira (Uruguai) é incompleto.
O estudo não analisa os impactos florestais no país diretamente vinculados ao empreendimento industrial. Não foi permitido tão pouco que a sociedade civil tenha podido opinar sobre o projeto e participar de maneira informada nos processos de consulta prévia. Por outro lado, o estudo de ENCE tem um grave inconveniente metodológico: só leva em conta os aspectos positivos do projeto. Diante desta preocupante situação, as organizações da sociedade civil uruguaia têm solicitado expressamente uma ampliação substancial da informação e mais tempo para a avaliação antes de pôr em andamento as obras.
As organizações explicam também que no informe da ENCE há afirmações não documentadas e altamente questionáveis, e que o recorte não leva em conta a necessidade de aumentar a matéria-prima para produzir um milhão de toneladas anuais de pasta de celulose. No meio rural uruguaio, com aproximadamente um milhão de hectares florestados com eucaliptos e pinheiros, se vive um processo de aumento do latifundiarismo e "estrangerização" da terra (o que leva a uma falta de acesso à terra para produção de alimentos), "despopulamento" do meio rural, erosão do solo, contaminação das fontes de água e esgotamento desse recurso. Uma expansão da área florestada ameaça agravar essas conseqüências sociais e ambientais.
O informe de ENCE não apresenta também detalhes sobre os sistemas de monitoramento da qualidade da água do Rio de la Plata. A confusão no manejo de alguns termos no estudo do ENCE e a inexistência de análise sobre os impactos negativos do projeto celulósico, fazem que seja fundamental uma ampliação substancial da informação por parte da empresa, que permita uma completa avaliação das possíveis conseqüências do empreendimento, têm alertado REDES-AT, o WRM e o Grupo Guayubira.
(ODG/Ecologista em Ação, Adital, 19/03/2008)