A Associação Brasileira da Indústria do PET (ABIPET) considera positiva a liberação do uso de resina PET reciclada para a fabricação de novas embalagens de bebidas e alimentos, conforme decisão tomada ontem (18/3) pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). No entanto, enquanto aguarda a publicação da íntegra da resolução, a entidade alerta que a medida deve vir acompanhada de outras iniciativas, para que gere os resultados esperados.
O primeiro ponto, fundamental para a ABIPET, é o controle e a fiscalização da Vigilância Sanitária relativa à qualidade do PET reciclado que será utilizado pelos fabricantes das novas embalagens. "Esse aspecto é essencial para que o produto tenha credibilidade no mercado sob o ponto de vista sanitário", afirma Alfredo Sette, presidente da entidade.
Além disso, a Associação lembra que o poder público precisa adotar políticas eficazes de coleta seletiva, para que as embalagens usadas tenham destinação adequada e possam ser reutilizadas pela indústria. O índice de reciclagem de garrafas de PET cresce à taxa de dois dígitos anualmente e, em 2006, já alcançou 51,3% das embalagens produzidas.
No mercado, existe uma forte demanda pelo PET reciclado, principalmente por parte do setor têxtil, que consome 40% do volume atual. O restante é utilizado em diversas aplicações, inclusive embalagens de outros produtos, com exceção de alimentos e bebidas. Entre os exemplos estão os setores de cosméticos e de itens de higiene e limpeza.
"Com a resolução da Anvisa, a demanda pelo PET deverá aumentar e esse índice deverá crescer ainda mais. Mas a população precisa ser informada sobre a destinação adequada do material e, principalmente, a infra-estrutura de coleta seletiva precisa ser ampliada e adaptada a esta nova realidade", diz o presidente da ABIPET.
Um possível aumento da reciclagem acima da média dos últimos anos poderia ser imediatamente absorvido pela indústria da reciclagem, de acordo com Alfredo Sette. "Atualmente, o setor trabalha com uma ociosidade de 30% de sua capacidade, o que o torna capaz de absorver o aumento esperado para os próximos anos. Hoje, na verdade, as empresas dizem que falta garrafa de PET para reciclar", conclui o executivo.
Atuação histórica pela reciclagemDesde a sua fundação, em 1995, a ABIPET tem uma atuação focada na difusão de informações sobre a coleta e destinação adequada das embalagens de PET no Brasil. Por meio dessas ações de conscientização junto a consumidores, catadores e recicladores, a reciclagem do material teve um crescimento de 1.392% no período de 1994 a 2006. O índice é muito superior ao aumento do uso de embalagens novas, para todos os fins, que no mesmo período foi de 367%.
Além das vantagens ambientais mais evidentes, eliminando o descarte de garrafas e outras embalagens nas ruas, o PET reciclado, em relação ao uso da resina virgem, proporciona economia de 97% de energia e 86% de água, redução de 53% nos resíduos industriais e diminuição 98% nas emissões de gás carbônico. Ainda elimina 96% das emissões de óxido de nitrogênio e de 92% das emissões de monóxido de carbono.
(Por Cristiane Fernandes, WN & P COMUNICAÇÃO / ABIPET;
Max Press, 19/03/2008)