A especialista em Engenharia Ambiental da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), professora Jane Marie, estará no próximo dia 26 (quarta-feira) na Procuradoria Geral da Justiça, para debater com a sociedade, formas de minimizar a poluição do ar emitida há décadas pelas grandes empresas na Grande Vitória.
A intenção é discutir a necessidade de implantação de um dispositivo que reduz os índices atuais de poluição.
A expectativa é esclarecer quais os meios que podem ser implantados para atuar de acordo com a poluição gerada atualmente por estas empresas, e que não levem em conta os níveis de poluição considerados normais em outras regiões, já que há um número atípico de poluidoras instaladas no Espírito Santo.
Para os ambientalistas, a poluição gerada no Estado deve ser minimizada baseada nos padrões atuais, antes que as empresas ampliem suas produções.
A Grande Vitória abriga grandes poluidoras como a Vale e a Arcelor Mittal (ex-CST e Belgo Mineira) e há ainda as demais poluidoras distribuídas pelo norte e sul do Estado como a Samarco e a Aracruz Celulose.
Segundo especialistas, a poluição emitida por estas empresas já alcança índices prejudiciais à saúde humana e ao meio ambiente. Ainda sim, a ArcelorMittal Tubarão (ex- CST), que sequer construiu a unidade de dessulfuração para as usinas I e II, como determinado há mais de duas décadas, já anuncia o aumento de sua produção, e consequentemente, da poluição do ar.
A inauguração da 3ª usina da ArcellorMittal Tubarão aumenta sua produção de 5 milhões de toneladas anuais de aço para 7,5 milhões de toneladas anuais (podendo chegar a 8,3 milhões). E um novo aumento de produção desta empresa está programado para 2009: as unidades antigas, que produzem 2,8 milhões de toneladas ano, produzirão 4 milhões de toneladas anuais com a ampliação licenciada.
A Vale também está aumentando seu parque industrial de Tubarão em 45%, e sua produção chegará a 39,3 milhões de toneladas anuais de pelotas de ferro.
A ArcelorMittal Tubarão, a Belgo e a Vale provocam 50% da poluição do ar na Grande Vitória, segundo dados apurados pelo Instituto de Física Aplicada da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), antes de suas ampliações.
Sobre a Grande Vitória as usinas das poluidoras lançam poluentes que afetam a saúde dos moradores. Ao todo, são 59 os tipos de gases lançados, sendo 28 altamente nocivos, que provocam alguns tipos de câncer, outras que destroem o sistema imunológico, além de doenças alérgicas e respiratórias.
Entre os agentes causadores de doença, a ArcelorMittal Tubarão emite o enxofre, que pode lesar a pele e também ser inalado. Em contato com a água, produz ácido sulfúrico e pode causar chuva ácida, já registrada na região. Também são lançados micropartículas de ferro, as PM2.5, que contaminam os pulmões.
A consulta pública que discutirá meios de minimizar os danos gerados por estas empresas será realizada no Ministério Público Estadual, em Vitória, às 14h.
(Por Flávia Bernardes,
Século Diário, 19/03/2008)