Ativistas do Greenpeace deixaram nesta terça-feira (18/03) o cargueiro Galina III depois de terem ficado por mais de 24 horas a bordo da embarcação carregada de madeira de origem ilegal vinda da Amazônia. Eles impediram o navio de atracar no porto de Caen, localizado no norte da França, onde iria descarregar toda a madeira.
Como resultado da ação, o governo francês anunciou que apoiará nova legislação na União Européia regulamentando a importação de madeira para evitar a compra de produtos de origem ilegal. A informação foi confirmada pelo Ministro do Meio Ambiente da França, Jean-Louis Borloo, em conversa por telefone com sua colega brasileira, a ministra Marina Silva. O Greenpeace quer que a Comissão Européia aprove em maio a proposta de reforma da legislação e que a França apóie o processo. O país é o principal consumidor de madeira da Amazônia, junto com Holanda, Espanha e Portugual, e assumirá a presidência da Comissão Européia a partir do segundo semestre de 2008.
“A madeira quando sai do Brasil já está toda legalizada, o que não garante que ela tenha sido explorada de forma legal e as empresas importadoras européias não podem usar isso como justificativa. Graças à incapacidade do governo federal e governos estaduais de controlar e monitorar o setor, e devido à impunidade e corrupção, a ilegalidade na Amazônia ainda é regra e não exceção, infelizmente", afirma Marcelo Marquesini, engenheiro florestal e ativista do Greenpeace, que participou da atividade na França.
O Greenpeace lançou na segunda-feira (dia 17/03) o relatório
Financiando a Destruição que revela como a produção ilegal de madeira da Amazônia continua sendo um problema crônico não resolvido pelo governo brasileiro e pelos estados da região - apesar do tema ter sido incluído no Plano de Ação para Controle e Prevenção do Desmatamento, lançado em março de 2004.
Estima-se que 80% da madeira explorada na região sejam produzidos de forma ilegal. O governo Lula assumiu que pelo menos 63% da produção anual - 40 milhões de metros cúbicos - sejam ilegais. Porém, a madeira sai dos portos brasileiros totalmente legalizada graças às falhas no sistema de controle e monitoramento da produção. As empresas importadoras européias, por sua vez, justificam estarem comprando madeira com documentos legais quando, na realidade, estão financiando a exploração ilegal que segue destruindo grandes áreas de florestas, promovendo o desmatamento, facilitando a grilagem de terras e incentivando a corrupção e a violência contra comunidades.
O desmatamento das florestas tropicais é responsável por aproximadamente um quinto das emissões globais de gases de efeito estufa - mais do que todo o setor de transportes do mundo inteiro. A Amazônia brasileira já perdeu 700 mil quilômetros quadrados da sua cobertura florestal original nos últimos 40 anos - uma área duas vezes e meia maior que o Estado de São Paulo. O desmatamento é a maior fonte de emissões brasileiras de gases de efeito estufa, colocando o país na posição de quarto maior poluidor do mundo.
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Greenpeace, 18/03/2008)