A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, conversou por telefone nesta terça-feira (18/03) com o titular da Ecologia francês, Jean-Louis Borloo, sobre a questão da importação de madeira. O diálogo ocorre um dia depois de ativistas do Greenpeace invadirem um navio vindo do Brasil com uma carga do produto que seria descarregada em um porto francês.
O Galina 3 foi interceptado perto do porto de Cohen, onde ele deveria ter atracado ontem. O navio de 16 mil toneladas saiu do Porto de Santarém, no Pará. Cinco ativistas de Alemanha, Inglaterra, Itália e Chile entraram no cargueiro para protestar contra o carregamento de madeira supostamente ilegal com destino à União Européia.
Em razão de o navio ter os ativistas a bordo, agentes do porto não deixaram que ele atracasse no local. De acordo com o Greenpeace, os membros do grupo passaram a noite no navio e, por volta das 14h no horário de Brasília, ainda ocupavam o cargueiro.
O cargueiro permanece a uma distância de 4 km a 5 km do porto, na espera de que a questão se resolva. Com o protesto, a organização quer pressionar a União Européia a adotar medidas mais rígidas para controlar a entrada de madeira nos países que fazem parte do bloco.
Negociação
Na conversa telefônica, os dois ministros falaram sobre a autorização do comércio da madeira e a perspectiva de que o Brasil adote a norma européia em termos de certificados e de luta contra o desmatamento. A informação é de um comunicado do ministério da Ecologia francês.
"Trata-se de lutar contra o desmatamento selvagem das florestas primitivas, que vão contra a biodiversidade e a luta contra a mudança climática", diz a nota.
Borloo pediu que os serviços alfandegários intensifiquem a vigilância e o controle sistemático dos certificados de autorização das cargas de madeira que chegam à França.
Desmatamento
A organização ambientalista afirma que a União Européia tem grande parte da responsabilidade pelo desmatamento no Brasil. De acordo com estudo divulgado ontem pelo Greenpeace, 15 países da Europa importam 48% das 1,6 milhão de toneladas de madeira amazônica exportada pelo Brasil em 2007. Os principais destinos foram Holanda (14%), França (13%), Espanha (6%), Portugal (6%) e Bélgica (4%).
'Se a União Européia quiser zerar o desmatamento e combater os impactos das mudanças climáticas, ela precisa usar seu poder econômico para introduzir uma nova e rigorosa legislação florestal para banir a entrada de madeira ilegal e predatória no mercado europeu', afirma Judy Rodrigues, da campanha de florestas do Greenpeace Internacional, em nota.
(Efe /
Folha Online, 18/03/2008)