A alta dos preços da soja nos mercados internacionais vem prejudicando produtores de biodiesel. Como o produto é a principal matéria-prima dos biocombustíveis no país, o aumento dos preços eleva os custos de produção, tornando a exportação do próprio óleo mais atraente. A estimativa é de que, das 51 usinas de biodiesel aptas a operar no Brasil, pelo menos 30 tenham diminuído drasticamente ou cessado a produção. No Rio Grande do Sul, a BSBios, de Passo Fundo, é a única usina do Estado com o processamento de biodiesel paralisado, a espera do próximo leilão de compra.
O diretor da empresa Oleoplan, de Veranópolis, Marcos Boff, explica que os prejuízos atingiram principalmente os produtores que, durante o último leilão de biodiesel, em Dezembro, se comprometeram com a entrega para o primeiro semestre deste ano sem terem ainda a matéria-prima estocada. Como o preço da soja disparou, os produtores estão com dificuldades de adquirir o produto.
“Em Dezembro, se vendeu biodiesel para o primeiro semestre desse ano. Naquele momento, o preço do óleo de soja era um, e o pessoal estabeleceu seus compromissos de produção. E, ao longo desse período, o preço subiu bastante. Isso criou dificuldades para quem não tinha se preparado com estoque de matéria-prima ou com uma forma de cobertura de custo”, afirma. O aumento do preço da soja, no entanto, pode significar um avanço para outras oleaginosas. De acordo com Boff, a tendência agora é de que se passe a valorizar mais outras culturas no mercado, como a mamona, o girassol, a canola e o tungue.
“Se surge um óleo mais barato do que o óleo de soja, de alguma outra oleaginosa, automaticamente o mercado vai demandar esse óleo ao ponto de ele ficar com um preço parecido com o da soja. Então, se criou um novo patamar de preços”, explica. Mesmo com a alta da soja, a Agência Nacional do Petróleo (ANP) garante que não há riscos de desabastecimento no país, pois as usinas que estão em operação devem garantir a oferta. A partir de 1º de Julho, a mistura de biodiesel ao óleo diesel comum irá passar dos atuais 2% para 3%.
(Por Patrícia Benvenuti, Agência Chasque, 18/03/2008)