O desperdício de água no país não é culpa do cidadão comumA advertência é do secretário-geral da organização não-governamental Defensoria da Água, Leonardo Morelli. De acordo com ele, o agronegócio é responsável por 70% do consumo de água e a indústria, 20%. Somente 10% são consumidos pela população. Com base nesses números, ele condena o foco das campanhas para que o cidadão economize água no seu dia-a-dia.
Tem de acabar com essa papagaiada de que precisa tomar banho rápido para economizar água. A economia seria muito mais efetiva se as indústrias diminuissem o consumo. O cidadão comum é o mais consciente - afirma Morelli, para quem o maior prejudicado pela poluição dos lagos e rios é o brasileiro, que já paga caro pela água.
Em ação conjunta com a Conferência Nacional de Bispos do Brasil (CNBB), a Defensoria da Água defende a cota gratuita de 45 litros de água por dia para cada cidadão brasileiro.
Vamos lutar por isso. Temos um abaixo-assinado e pretendemos reunir dois milhões de assinaturas - avisa Morelli, que pretende levar essa discussão ao Fórum Social Mundial.
LiderançaA ONG apresentou um relatório com uma lista das empresas que mais poluem a água no Brasil. Em primeiro lugar ficou a Petrobras, seguida de Shell, Rhodia e CSN. A mineradora Vale ficou em décimo.
Para Leonardo Morelli, a liderança da empresa brasileira está atribuida ao pequeno investimento em meio-ambiente.
A poluição da estatal se explica por seu tamanho, ação territorial e pelo grande uso de matérias-primas, argumenta Morelli.
Eles investem muito pouco em meio ambiente. Para se ter uma idéia, a estatal investe só 0,5% em meio ambiente, mas omite os dados no balanço.
As sacolas plásticas são o maior agente poluidor dos rios e lagos no Brasil, revela o estudo. Sem o uso de novos materiais biodegradáveis, adverte a ONG, os lixões dos grandes centros esgotarão suas vidas úteis em cinco anos. Para Morelli, as pessoas precisam ter voz ativa para denunciar as irregularidades.
É fundamental que tenha um controle das agências agrícolas e industriais, através de um sistema de fiscalização social, criando um cadastro de inadimplência, ou seja, empresas poluidoras, não poderão ter financiamento. Mas nada será feito se o cidadão brasileiro não lutar, não denunciar e nem exigir políticas públicas para a questão do lixo - afirma Morelli.
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Jornal do Brasil, 18/03/2008)