Para Robert Zoellick, que pode vir ao Brasil em maio, o biocombustível do País 'é o mais eficiente'
O presidente do Banco Mundial, Robert Zoellick, deu seu aval ao etanol brasileiro como uma forma de lidar com o meio ambiente e disse nesta segunda-feira, 17, que deverá visitar o Brasil em maio para incrementar acordos entre sua entidade e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para financiar projetos ambientais. Um dos objetivos poderia ser o desenvolvimento de ações para gerar o desenvolvimento sustentável na Amazônia, sem que a população local tenha de recorrer à plantação de cana.
Para Zoellick, o etanol feito a partir da cana no Brasil "é o mais eficiente" entre todos os biocombustíveis e insinua que está do lado do governo na luta contra alegações de que teria um impacto prejudicial para o meio ambiente ou para os preços de alimentos. Nos últimos meses, europeus e americanos tem alertado que o modelo de etanol lançado pelo Brasil não teria todas as vantagens que o País tenta demonstrar.
"Há muita atenção dada aos efeitos que o biocombustível tem sobre os preços de alimentos. Mas no Brasil, o etanol de cana-de-açúcar é um dos mais eficientes. Entre todos os produtores existentes, sem entrar no debate onde são produzidos, acho que o Brasil tem uma preocupação legítima de que as criticas contra outros biocombustíveis não sejam injustamente aplicada ao caso brasileiro", afirmou Zoellick.
Sua avaliação é de que não se pode misturar as críticas contra o uso do milho ou do óleo de palma aos efeitos gerados pela cana. Um número significativo de ativistas ambientais, principalmente na Europa, tem atacado o etanol, sem fazer distinção entre aqueles produzidos a partir de cana ou de milho. Na semana passada, a ONU chegou a modificar sua avaliação sobre o etanol. Enquanto alertou que o biocombustível poderia gerar um aumento da fome no mundo, deixou claro que esse efeito não seria gerado pelo etanol brasileiro feito a partir da cana.
Em respostas a questões feitas pelo Estado sobre o etanol na Amazônia, Zoellick optou por não entrar na polêmica se o Banco Mundial continuaria financiando programas ambientais na região se fosse comprovado a existência da cana na floresta. O presidente da instituição apenas reconheceu que o tema da Amazônia era "sensível para o Brasil".
"Sei de como é delicada a questão da soberania da Amazônia e da sensibilidade do governo em relação à região", afirmou. Segundo ele, o Banco Mundial está tentando desenvolver programas que possam dar alternativas na região amazônica. Uma das opções em estudo é criar mecanismos para incentivar o setor privado a investir em atividades sustentáveis.
Zoellick aponta que tem planejado uma viagem ao Brasil para maio. "Quero ver como poderemos trabalhar com o banco de desenvolvimento do País (BNDES)", afirmou. Segundo fontes do Banco Mundial, uma das possibilidades seria o lançamento de empréstimos entre as duas instituições para projetos privados que garantam a preservação da floresta.
(Jamil Chade, O Estado de São Paulo, 17/03/2008)