O Comitê Olímpico Internacional (COI) alerta que poderá ser obrigado a adiar eventos como a maratona, ciclismo e o triatlo nos Jogos Olímpicos de Pequim se a poluição na capital chinesa não for resolvida. A advertência foi feita nesta segunda-feira (17/03) em Lausanne e confirma a preocupação de atletas de todo o mundo em relação aos impactos da qualidade do ar em Pequim.
Pela primeira vez, o COI admitiu que isso pode ser um problema, depois que esportistas de vários países já indicaram que tentariam permanecer o menor tempo possível em Pequim para não ter seu desempenho afetado. O recordista da maratona, Haile Gebrselassie, afirmou há poucos dias que poderia deixar de ir a Pequim diante de seu problema de asma.
O anúncio do COI vem em um momento delicado para os chineses. Diante da repressão no Tibet, grupos de direitos humanos vem insistindo para que os atletas façam um boicote contra a China.
O COI admitiu que pode preparar um "plano B" para os eventos ao ar livre. Mas o comitê médico da entidade deixou claro que, em um estudo preparado pelo COI, a saúde dos atletas não será em grande parte afetada pelo clima em Pequim. Segundo o relatório, nenhuma das provas realizadas nos últimos meses em Pequim registraram problemas de saúde.
Algumas delas foram realizadas em agosto de 2007, para testar as condições no mesmo mes em que os jogos ocorrerão. Os médicos, porém, admitiram que há "algum risco" para competições que exijam estar pelo menos "uma hora em atividade física extrema - como
ciclismo, maratona, mountain bike e triatlo". Em Lausanne, o COI deixa claro que esse risco é suficiente para que a entidade já abra "procedimentos para permitir que um plano B seja ativado caso necessário". A entidade não prevê, porém, a mudança dos locais dos eventos, mas sim adiamentos para dias em que a qualidade do ar esteja melhor.
Recorde - O COI já até admite que os Jogos de Pequim podem não ter um número importante de recordes quebrados, diante das condições do ar. "Pode ocorrer que alguns eventos não sejam conduzidos nas melhores condições - o que é uma realidade das competições esportivas - e que talvez não vejamos recordes sendo quebrados em Pequim", afirmou Arne Ljungqvist, presidente da comissão que avaliou a qualidade do ar em Pequim.
O Comitê já preparou também sua resposta a isso. "Os Jogos devem ser mais sobre competir no espírito olímpico que apenas quebrar recordes", alegou o presidente.
O COI também promete monitorar diariamente a situação do ar para os esportes que estariam ameaçados. "Tomaremos todas as decisões necessárias para proteger a saúde dos atletas", afirmou Ljungqvist.
Nos últimos meses, os chineses tentaram dar todas as garantias de que tomariam medidas para melhorar o ar de Pequim, incluindo a redução no número de carros, a deslocalização de fábricas para outras cidades e até técnicas para gerar chuvas e dispersas os poluentes.
(Estadão Online, Ambiente Brasil, 18/03/2008)