Um número cada vez maior de empresas está sendo identificado por rótulos nos tonéis
A retirada de lixo tóxico da propriedade rural localizada em Portão está desencadeando a descoberta de mais empresas envolvidas no crime ambiental. “Um número cada vez maior de empresas está sendo identificado por rótulos nos tonéis. Na última semana eram 23 e hoje temos 30 a serem investigadas. A Fepam autuou 12 e esse número deve crescer’’, comentou o técnico da União dos Trabalhadores em Resíduos Especiais e Saneamento Ambiental (Utresa), responsável pelas análises dos produtos encontrados, Jackson Müller. O lixo foi descoberta em fevereiro.
Segundo ele, toda área está com tonéis enterrados. “É impressionante. Em uma manhã mais de 40 tonéis foram encontrados.” A descoberta reforça a suspeita do sargento do Batalhão Ambiental de Sapucaia do Sul, Marco Antônio Lopes Ramalho, de que toda área está comprometida. No final de semana a área foi policiada e a retirada do lixo volta a ser feita hoje. “Abrimos uma trincheira de um metro de largura por 15 metros de comprimento para não contaminar o arroio Cascalho’’, explicou o técnico.
Os tonéis espalharam o conteúdo ao serem retirados, representando perigo de contaminação. A maior parte dos produtos são lodos de estações de tratamento, borras e matéria plástica dissolvida em solventes com cheiro forte. O resultado da análise apontará o risco à população. Além dos tonéis, caixas plásticas de um metro cúbico, com capacidade para mil litros, foram encontradas com diversos produtos. “Recolhemos mais amostras dos produtos para análise’’, disse Müller.
Saúde
Dos cinco poços localizados nas proximidades do local, avaliações preliminares dão conta que um deles apresentou alta contaminação por cromo, ferro e zinco que são metais pesados, além de alta contaminação biológica por bactérias. “O mais preocupante naquele caso é que o poço está em situação de impossibilidade de uso’’, alertou.
Outros dois poços artesianos, com mais de 30 metros de profundidade, não apresentaram contaminação por metais pesados, mas, segundo Müller, a avaliação é preliminar. “Mantemos a recomendação aos moradores de evitarem o consumo daquelas águas. Existem poluentes perigosos que precisam ser avaliados, usados em formulações de solventes químicos. Não é possível o consumo para alimentação.’’ Os outros dois poços cavados também não apresentaram contaminação efetiva, o que indica que os produtos não atingiram o aqüífero freático. Ainda falta o resultado da análise dos poluentes orgânicos.
(Jornal VS, 17/03/2008)