Ativistas da organização não-governamental (ONG) Greenpeace bloquearam ontem (17) um navio que transportava madeira brasileira para portos da União Européia (UE). Cinco ativistas da ONG estão "pendurados" há cerca de cinco horas nos guindastes da embarcação, em território francês, segundo o engenheiro florestal Marcelo Marquesini, que participou do início da ação.
Parte da madeira, originária de Santarém (PA), foi desembarcada em Portugal e na Espanha. De acordo com o Greenpeace, por causa do protesto, as autoridades francesas recomendaram que o navio não se aproxime do porto e a tripulação tenta seguir para a Holanda.
Os ambientalistas argumentam que a madeira brasileira, apesar de ser exportada como produto legalizado, tem origem irregular e passa por um processo de "esquentamento" entre a retirada da floresta e a chegada aos portos para exportação. "A madeira sai com documento, mas sabemos que o envolvimento de algumas madeireiras com a ilegalidade é grande. A União Européia consome entre 40% e 50% da madeira produzida no Brasil. É co-responsável pela destruição da Amazônia", afirmou Marquesini.
Em relatório divulgado hoje no Brasil, o Greenpeace aponta o bloco europeu como financiador da exploração ilegal da floresta. "A demanda global por madeira e a falta de controle nacional e internacional estimulam e financiam a exploração ilegal e a UE possui uma responsabilidade importante", de acordo com o documento Financiando a destruição: a contribuição do governo brasileiro e do mercado europeu para a indústria ilegal e predatória de madeira na Amazônia brasileira.
O relatório informa ainda que 36% da madeira amazônica são destinados à exportação e que 47% desse total vão para os 27 países da UE. No entanto, "fora as restrições da Convenção Internacional de Espécies Ameaçadas da Fauna e da Flora, não há nenhum sistema para verificar a legalidade dos produtos comercializados no mercado europeu", segundo o Greenpeace.
Atualmente, a UE aplica medidas voluntárias de controle de origem da madeira que chega ao continente. Em troca da certificação, o bloco destina investimentos para a melhoria da administração dos setores florestais de países como Indonésia e Malásia, que ratificaram a parceria. Na avaliação do Greenpeace, além da falta de controle europeu obrigatório, problemas do lado brasileiro, como falhas na fiscalização, impunidade, corrupção e falta de investimento são os principais gargalos do combate à exploração ilegal para exportação.
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Agência Brasil, 17/03/2008)