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catadores de lixo coleta seletiva
2008-03-17

Lançada inicialmente como uma alternativa para reduzir a poluição e contribuir para aumentar a capacidade dos aterros sanitários, a reciclagem é hoje fonte de renda para famílias e empresas. Em Rio Grande não há um número exato de quantos catadores tiram o sustento somente com esta atividade. Entretanto, a circulação é notável pelas ruas e nas recicladoras.

Apenas na Porto Seguro, por exemplo, localizada no bairro São Miguel, há mais de três mil cadastrados que comercializam materiais. Embora alguns deixem a atividade ao conseguirem outro emprego ou diminuem a coleta durante o inverno, por lá passam em média 500 pessoas diariamente. “Compramos de 15 a 30 quilos por catador, o equivalente a três toneladas por dia”, diz o gerente da recicladora, Iord Azevedo. Eles ainda podem comprovar sua renda com o cupom descrito com o que foi vendido à empresa.

No total são adquiridas de seis a oito toneladas, a maior parte proveniente de outras empresas que recolhem o material. Elas fizeram parceria com a Porto Seguro e estão espalhadas pela cidade, nas localidades da Santa Tereza, Cassino, Quinta, Povo Novo, Parque São Pedro e Parque Marinha. “O ponto da Profilurb é um dos mais movimentados, pois recebemos cerca de três caminhões por semana”, acrescenta Iord. O número é grande, apesar de não trabalharem com PVC, vidro e ferro.

No galpão da empresa o processo de fardamento não deverá ser mais utilizado nos próximos meses. De acordo com Iord, a atividade será feita em Pelotas, onde abrirão um novo galpão com cerca de três mil metros quadrados. O serviço será automatizado, desde a vala para moer o material e a esteira que vai enfardar e pesar. “Trabalharemos só com carga fechada”, diz o gerente sobre o novo investimento de R$ 1,2 milhão.

Destino: região metropolitana
Sem uma indústria de processamento na cidade, o material da recicladora Nogueira e Padilha é encaminhado aos municípios de Pelotas, Porto Alegre, Gravataí e Cachoeirinha. “Começamos comprando diretamente dos catadores”, comenta Marco Aurélio Nogueira, proprietário da recicladora, que existe há dez anos. Para ele, existem catadores que trabalham pelo próprio sustento e talvez desconheçam a sua contribuição ao meio ambiente.

Ciente da atividade, Nogueira escolheu a vida dos catadores como tema de sua monografia para o curso de Economia na Fundação Universidade Federal do Rio Grande (Furg). Ele aplicou um questionário com 20 perguntas em cerca de 30 catadores. Dos perfis analisados, viu que 70% dos catadores são de Rio Grande. “Os demais vieram de fora para tentar uma nova vida por aqui, mas não conseguiram e viram a reciclagem como uma alternativa”, diz.

Mais de 40% têm acima de 50 anos, sendo alguns aposentados. Além disso, 70% dos participantes da pesquisa não concluíram o Ensino Fundamental.

O estudo como herança
A baixa escolaridade pode não fazer diferença entre os catadores, mas é um obstáculo que fecha as portas do mercado de trabalho e do sonho da carteira assinada. Depois de trabalhar como pedreiro, auxiliar e lixeiro, Rogério Pereira optou pela reciclagem. “Com o dinheiro que ganhei quando saí da empresa onde era lixeiro resolvi comprar uma carroça”, explica. Desde então, há oito anos, Rogério sai de casa por volta das 18h, acompanhado por Gaúcho para puxar a carroça. Somente após as 22h retornam para casa, no bairro São Miguel.

No dia seguinte é hora de separar o plástico, papelão e pet e levar para a recicladora. Assim é a rotina do pai de cinco filhos que, como a esposa Nara Camargo, abandonou os estudos na quarta série para ajudar a família. “O estudo é a única herança que vamos deixar para eles. Fazemos das tripas coração para garantir os livros e cadernos”, diz Nara. Por dia ele consegue tirar cerca de R$ 20,00, o equivalente a R$ 100,00 na semana. A renda da casa ainda conta com os R$ 112,00 do Bolsa-Escola.

“Meu sonho é poder dar uma casa e um futuro melhor para os meus filhos. Por isso digo como é importante eles estudarem”, diz Rogério. Todos os dias sua esposa leva e busca os filhos na escola, a 15 minutos de casa. O filho mais velho do casal, Robson, tem 23 anos e era maratonista desde os tempos da escola. Ele também correu no tempo que serviu no Exército, mas decidiu parar. Já a filha Sinara pretende ser professora, já que gosta de estudar e recebe um grande incentivo dos pais.

Trabalho difícil
O esforço diário também é grande para o catador Rubilar Rodrigues que precisou aumentar suas forças depois de ter seu cavalo roubado. Para conseguir garantir a renda da família, improvisou uma minicarroça acoplada a uma bicicleta, que pedala das 18h às 22h, carregada. Entre idas e vindas, no fim do trabalho Rubilar lamenta ter juntado menos de R$ 8,00. ”Hoje o dia foi muito fraco”, diz. Além de percorrer as ruas do centro, o homem de 47 anos também recebe o material da Santa Casa e da Beneficência. Com a reciclagem, Rubilar sustenta a esposa e uma filha de 17 anos.

Catadores não, agentes
Apesar de informais, o trabalho que antes era considerado uma opção pela sobrevivência hoje é cada vez mais respeitado em uma época em que a missão é preservar o meio ambiente. Para serem valorizados na sociedade, os catadores de lixo têm recebido um novo nome para sua atividade: agentes ambientais.

Além dessa mudança, um projeto implantado pela Secretaria de Meio Ambiente (SMMA), a União Rio-grandina de Associações de Bairros (Urab), a Câmara de Dirigentes e Lojistas (CDL) e a Associação dos Catadores de Lixo (Ascalixo), entre outras recicladoras, pretende integrar o trabalho à vida da comunidade. Instalado em 2007, o primeiro passo foi fazer o cadastro dos agentes pela cidade para formarem um banco de dados. “Por enquanto temos pouco mais de 15 catadores cadastrados”, afirma a presidente da Ascalixo, Suelen Porciúncula. O projeto também inclui a qualificação do trabalho dos agentes, bem como a ampliação da coleta seletiva pelo município.

Ainda falta conscientização
Das 494 toneladas recebidas no ano passado, 199 eram de papelão, 43 de garrafas pet e 30 de vidro. Criada em 1991, a Ascalixo atende em sua porta aproximadamente 35 agentes, que vendem em torno de 2,5 toneladas. “Mesmo com o aumento da reciclagem pelos agentes e por pessoas que sabem da importância disso, ainda há muita gente que não contribui, misturando o lixo orgânico com o que pode ser reutilizado”, destaca Suelen.

Os catadores que recolhem o material da área comercial trabalham com jalecos e crachás de identificação. Através de reuniões entre os agentes e entidades, são discutidas novas ações para consolidar a atividade, como a confecção de um selo de qualidade para os lojistas que participam do programa e um novo contêiner para a coleta seletiva próximo ao calçadão.

Dias e locais
A coleta é feita pela Secretaria do Meio Ambiente (SMMA) em determinadas regiões de Rio Grande durante a semana.

Segunda-feira - Avenidas Rheingantz, Presidente Vargas, Santos Dumont até a rua Nilo Gollo e a entrada do Aeroporto.

Terça-feira - Bairros Salgado Filho, Nossa Senhora dos Navegantes, Lar Gaúcho, região do Distrito Industrial e áreas do entorno.

Quarta-feira - Zona central da cidade, tendo como limite as ruas 24 de Maio até Almirante Barroso, com trajeto em todas as ruas paralelas da Riachuelo até a Val Porto.

Quinta-feira - Ruas do bairro Parque Marinha e a área limitada pelas ruas 24 de Maio até a Domingos de Almeida, com trajeto em todas as ruas paralelas à avenida Comendador Vasco Vieira da Fonseca (Perimetral) até as avenidas Rheingantz e Presidente Vargas.

Sexta-feira - Balneário Cassino.

(Por Camila Almeida, Diário Popular, 16/03/2008)


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