O crescimento urbano e industrial tem elevado no mundo inteiro a emissão de poluentes no ar. A poluição atmosférica afeta o sistema respiratório podendo provocar e agravar diversas doenças crônicas, como bronquite, rinite alérgica, enfisema pulmonar, fibrose e asma.
Caracterizada pela presença de gases tóxicos e de partículas líquidas ou sólidas no ar, a poluição, em um primeiro momento, causa reações inflamatórias nas vias áreas, afetando principalmente aqueles que já possuem problemas respiratórios. Contudo, habitantes de cidades poluídas, como São Paulo, possuem grande probabilidade de contrair males infecciosos, como tuberculose, pneumonia e doenças virais. Pior ainda: cerca de 30% dessa população está suscetível a desenvolver um câncer de pulmão.
"Quando a poluição entra em contato com o pulmão, provoca inflamação e redução das defesas pulmonares", explica o dr. Ubiratan de Paula Santos, presidente da Comissão de Doenças Ambientais e Ocupacionais da Sociedade Paulista de Pneumologia e Tisiologia (SPPT).
Indústrias e veículos automotivos liberam, diariamente, uma quantidade muito grande de poluentes no ar. Entre os potencialmente prejudiciais, estão o monóxido de carbono, dióxido de enxofre, monóxido de carbono, óxidos nitrosos, ozônio e material particulado.
A poluição do ar em São Paulo pode causar danos semelhantes ao causados pelo cigarro em fumantes, mas em escala menor. "Ela atinge a todos em escalas diferentes, dependendo do local de moradia e da quantidade de carros que transitam na região. No entanto, para aqueles que fumam, os danos são superiores, pois acrescentam aos poluentes inalados as milhares de substâncias presentes na fumaça do cigarro".
Durante dois anos o dr. Ubiratan acompanhou aspectos da saúde de 50 funcionários da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET). Todos eles trabalhavam nas marginais Tietê e Pinheiros, não fumavam nem eram asmáticos.
Em 36% dos avaliados, o resultado foi de hiperresponsividade brônquica e declínio acentuado da função pulmonar. A redução encontrada no espaço de um ano foi cinco vezes maior que a esperada, índice mais comum em fumantes.
"Constatamos que aumento da poluição eleva o risco de doenças cardiovasculares. Altera a pressão arterial e também o eletrocardiograma, indicando maior risco de arritmias. Os marcadores inflamatórios do sangue também apontam mais chances de infarto", relata o dr. Ubiratan.
Para se prevenir
"Indivíduos com problemas respiratórios devem evitar a prática de exercícios físicos em academias ou ao ar livre, em locais com grande tráfego de veículos, principalmente, nos horários de pico, entre 7h e 9h e entre 17h e 21h. É que ao realizar exercícios, a pessoa respira mais vezes por minuto, consome mais ar e, consequentemente, inala maior quantidade de poluentes", explica o dr. José Eduardo Delfini Cançado, presidente da Sociedade Paulista de Pneumologia e Tisiologia (SPPT).
"Essa questão do horário é regra, mas há exceções: nos dias ensolarados, mais freqüentes no verão, o período entre 10 e 15h não é recomendado, pois o sol reage com os poluentes emitidos pelos carros, gerando efeitos nocivos", aconselha o dr. Ubiratan. No inverno, a situação também não é favorável. A inversão térmica e as mudanças bruscas de temperatura permitem elevada concentração das substâncias poluentes.
Outro fator importante a considerar é a umidade do ar. Quando está abaixo de 30%, o cuidado deve ser redobrado. Pessoas com diabetes, doenças cardiovasculares, hipertensão, doença pulmonar obstrutiva crônica e asma não devem fazer exercícios de jeito nenhum em dias com tais características.
Para reduzir o problema da poluição do ar, os especialistas sugerem duas alternativas: a primeira é que haja redução significativa nas queimadas; a segunda é que medidas de incentivo sejam tomadas pelos governos para a melhoria do transporte público, em particular nas regiões metropolitanas, e que possibilitem a redução do número de veículos circulantes, o que, consequentemente, diminuirá a emissão de gases poluentes.
Pulmonar
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(Por Chico Damaso / Monica Kulcsar, Acontece Comunicação e Notícias /
Max Press, 14/03/2008)