Nenhuma lâmpada fluorescente da Escola Politécnica (Poli) da USP é descartada com os resíduos comuns. O Programa Poli USP Recicla, junto com os zeladores dos prédios e eletricistas, sistematizou o processo de gestão de lâmpadas usadas. Para isso, implantou uma rede de coletores, treinou funcionários da limpeza e fez um trabalho de conscientização entre alunos, professores e funcionários. Todos foram orientados a entregar as lâmpadas aos zeladores, que são colocadas nos coletores dos prédios e recolhidas para reciclagem, evitando a contaminação por substâncias tóxicas.
Criado em 2005, o Poli USP Recicla realizou um diagnóstico da situação dos resíduos na Escola, verificando a quantidade de lixo gerada e as formas de descarte. “Normalmente, programas de coleta seletiva e reciclagem são iniciados com os resíduos mais comuns, como papel, plástico e vidro”, aponta a gestora ambiental, Patrícia Caixeta da Fonseca Franco, da equipe do programa.
“Entretanto, o levantamento mostrou uma grande quantidade de resíduos perigosos misturados ao lixo comum, por isso paralelamente foi iniciado um trabalho específico”.
Coleta
O primeiro alvo do programa foram as lâmpadas fluorescentes. Além de serem um produto de uso comum, elas apresentam substâncias tóxicas em sua composição, como mercúrio e fósforo. “A administração da Poli já possuía um processo de reciclagem, e os eletricistas da unidade eram orientados a levarem todas as lâmpadas trocadas para o Serviço de Manutenção e Obras, onde eram encaminhadas para descontaminação por empresa especializada”, conta Patrícia. Porém, algumas pessoas, em função da pressa, faziam a troca por conta própria, sem chamar os eletricistas da Poli. “Com isso havia lâmpadas que não iam para a reciclagem, sendo descartadas com o lixo comum”.
O Poli USP Recicla instalou sete coletores de lâmpadas fluorescentes, que atendem todos os prédios da unidade. Ao mesmo tempo, os funcionários da limpeza e zeladores dos prédios foram orientados para utilizar o sistema de coleta, depositando as lâmpadas e i nformando quando os coletores estiverem cheios. Um levantamento feito antes da implantação dos coletores a partir das saídas de material no almoxarifado da Poli mostra que das 2.687, 287 não retornaram para reciclagem.
Depois das ações do programa, verificou-se que foram recicladas 2.406 lâmpadas, sete a mais do que as 2.399 saídas registradas do estoque. “A diferença mostra que a coleta também passou a incluir lâmpadas trocadas por conta própria”, ressalta Patrícia. “Agora, com o sistema de coleta implantado, será feita a qualificação da empresa que faz a descontaminação, para
garantir que o descarte aconteça de forma ambientalmente correta”, completa a gestora ambiental.
Gestão
A próxima etapa do programa é a implantação da coleta de pilhas e baterias, outro tipo de resíduo perigoso e de uso comum. “No momento estão sendo adquiridos os coletores, que vão ser implantados simultaneamente com um trabalho de conscientização junto a professores, alunos e funcionários da Poli”, aponta Welson Barbosa, gestor do Poli USP Recicla. A coordenação geral do programa é feita pelo professor Vanderley Moacyr John, do Departamento de Engenharia Civil.
Ao mesmo tempo, está em andamento um levantamento dos resíduos que oferecem riscos à saúde humana, gerados pelas atividades de ensino e pesquisa nos laboratórios da Poli. “Há muitas substâncias perigosas, como metais pesados, ácidos, bases e solventes, mas não há um detalhamento sobre a origem desses resíduos”, alerta Patrícia. “Muitos laboratórios acumulam essas substâncias porque a grande diversidade de resíduos gerada em pequena quantidade torna inviável a contratação de serviços especializados de descarte, problema que pode ser resolvido numa ação conjunta de toda a Escola”.
Os números levantados pela equipe do Poli USP Recicla darão origem a um plano de gerenciamento de resíduos perigosos, que deverá ser colocado em prática no início do ano que vem. A implantação do sistema, que inclui acondicionamento, armazenamento, tratamento e disposição final, será feita em duas etapas. “Primeiro, será feita a destinação do passivo, ou seja, dos resíduos que já estão armazenados”, explica a gestora ambiental. “A etapa seguinte é gerenciar o ativo, isto é, o resíduo que a Poli produz em seu dia-a-dia”.
Mais informações sobre o Poli USP recicla estão no site http://www.poli.usp.br/recicla/
(Por Júlio Bernardes, Agência USP, 14/03/2008)