Rótulos. Normalmente, eles são criticados por "limitarem" as idéias. Mas dessa vez a crítica é outra: eles estão limitando os direitos. O direito do consumidor de saber o que está comprando e comendo. Por isso, amanhã (15/03), no Dia Mundial do Consumidor, consumidores de várias cidades do mundo vão se juntar para pedir que os rótulos tragam informações completas sobre os alimentos.
Assim, empresas que fabricam produtos transgênicos vão ter que informar sobre os componentes do produto. No Brasil, em cidades como Belo Horizonte, Brasília, São Paulo, Manaus, Porto Alegre, Salvador, haverá atos organizados pelo Greenpeace. A falta de informações disponibilizadas pelas empresas fez com que o Greenpeace elaborasse uma cartilha com uma lista de produtos que podem conter transgênicos. O objetivo é esclarecer a população sobre o tema.
Desde 2004, decreto brasileiro obriga as empresas que atuam no país a informarem no rótulo se o produto foi fabricado com ingredientes transgênicos. Elas devem identificar os produtos feitos com transgênico na embalagem, em local visível, com um triângulo amarelo com a letra T, em preto, no meio. Mas algumas empresas continuam desrespeitando o direito do consumidor de saber o que está comendo, não rotulando devidamente seus produtos.
Como muitas empresas desrespeitaram a lei, o Greenpeace entrou na justiça em 2005 para obrigar as empresas alimentícias a colocarem as informações no rótulo. O Ministério Público iniciou um processo jurídico para obrigar as empresas a se adequarem à legislação. Este ano, as primeiras embalagens com essas informações chegaram às prateleiras dos supermercados.
Na Cartilha, o Greeenpeace alerta que a opção de consumir ou rejeitar um produto vai indicar para os fabricantes que a população não está disposta a comprar algo que não respeite a sua saúde e o meio ambiente. "Uma atitude simples pode fazer toda a diferença. Se você descobrir que o produto que está acostumado a comprar pode ter sido fabricado com ingredientes transgênicos, tem o rótulo de transgênicos ou está listado neste Guia, basta trocá-lo por um outro produto livre de transgênicos", disse o Greenpeace.
No sítio do Greenpeace, há também uma lista de produtos livres de transgênicos. Assim, o consumidor sabe que produtos semelhantes podem ser comprados, sem que para isso tenha que comer alimentos geneticamente modificados.
Os estudos sobre o efeito dos transgênicos na saúde da população são poucos e os resultados ainda desconhecidos. Mas um estudo difundido no início deste ano, pela pesquisadora russa Irina Ermakova, do Instituto de Neurofisiologia da Academia de Ciências, e feito com ratas, revelou que a morte de crias de mães alimentadas com transgênico é em média seis vezes mais alta que outras ratas que receberam alimentação normal.
Além disso, os transgênicos produzidos atualmente causam inúmeros problemas ambientais. Um deles é a contaminação genética, que acontece quando plantas transgênicas cruzam com plantas convencionais e se sobrepõem, causando uma perda da diversidade genética da espécie, como aconteceu com o milho mexicano.
(Adital, 14/03/2008)