Em todo o mundo há mais de 45 mil represas. Para que elas fossem construídas foram inundados mais de 400 mil quilômetros quadrados de terra. Apesar de todos os efeitos negativos que essa prática causa ao meio ambiente e às populações que vivem próximas a áreas afetadas, os governos seguem com projetos de represas.
Na última sexta-feira (14/03), se comemorou o Dia Internacional de Ação contra as Represas e em Defesa dos Rios, da Água e da Vida com a luta de milhares de comunidades para dar fim aos projetos. Organizações indígenas e camponesas do Norte Amazônico da Bolívia apresentaram, no último 7 de dezembro, um pedido de medidas cautelares à Comissão Interamericana de Direitos Humanos contra a construção das represas brasileiras Jirau e Santo Antonio, que serão construídas em um rio de águas compartilhadas com a Bolívia.
De acordo com os movimentos sociais, as represas causarão sérios impactos ao território, à vida e à cultura. São um "atentado iminente, por parte do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, aos direitos e liberdades proclamados em instrumentos internacionais que protegem os direitos humanos". O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) do Brasil juntou-se ao pedido dos bolivianos, e também pediu ao governo do Brasil que detenha a destruição da Amazônia e defenda a vida de seus habitantes.
Em um relatório da Comissão Mundial de Represas, revelou-se que as represas grandes não conseguem "produzir a eletricidade oferecida, abastecer a água requerida, nem prevenir os prejuízos por inundações". A realidade dessas obras são custos orçamentários além dos estabelecidos e tempo de construção alargados.
O relatório estima que entre 40 a 80 milhões de pessoas devem abandonar seus lares nos próximos anos em conseqüência dos impactos das represas sobre a economia dos países, da desintegração das comunidades e do aumento dos problemas de saúde mental e física. As populações indígenas e camponesas são as mais vulneráveis. "Os rios, as vertentes e os ecossistemas aquáticos são os motores biológicos do planeta. Constituem a base da vida e dos meios de subsistência de comunidades locais. As represas transformam paisagens e criam riscos de impactos irreversíveis", disse o Informe.
Assim, para proteger ecossistemas é fundamental promover um desenvolvimento humano eqüitativo e o bem-estar de todas as espécies; e deve-se dar fim às represas que são uma das principais causas de perda de bosque. Os efeitos das inundações provocam, segundo o estudo, um problema de ordem mundial que são os gases de efeito estufa, que provocam o aquecimento global, isso devido a que nas áreas inundadas de bosque se produz a putrefação da vegetação.
(Adital, 14/03/2008)