Deve entrar em operação, em outubro, a primeira usina termelétrica do Brasil abastecida com uma gramínea conhecida como capim-elefante, apontada pelas pesquisas no Brasil como a melhor alternativa para esse tipo de geradora de energia. A data foi anunciada ontem, em Brasília, pelo presidente da empresa Sykue Byoenergya, Luiz Felipe D'Ávila, responsável pelo projeto, que participou da mesa redonda de empresários e governo brasileiro promovida pela revista "The Economist", com apoio do Valor.
A usina, um investimento de R$ 90 milhões, deve gerar 30 MW, e 80% da produção já está contratada para abastecer o grupo Pão de Açúcar, informou o empresário.
D'Ávila comentou que o investimento, feito na cidade de São Desidério, no oeste baiano, foi possível devido à agilidade do governo da Bahia e da companhia de eletricidade local, que resolveram em curto prazo as pendências de licenciamento ambiental e de localização da nova usina. A Sykue Bionergya, uma empresa de médio porte do setor, pretende obter créditos de carbono com o empreendimento, e negocia com outros Estados a instalação de outras dez usinas.
"A celeridade na decisão do governo da Bahia foi muito importante para dar segurança ao investimento. Estamos analisando alternativas em Mato Grosso, Tocantins e Minas Gerais", informou D'Ávila. A tecnologia usada nas usinas é fornecida pela Dedini, com quem a Sykue firmou contrato no segundo semestre de 2007.
No Brasil, a produção de energia a partir de biomassa usa, em geral, resíduos da produção já existente, de cana-de-açúcar, papel e celulose e alimentos, ou gás de detritos orgânicos. O capim-elefante (Pennisetum pupureu) gramínea semelhante à cana-de-açúcar, é apontado por pesquisadores da Embrapa como uma alternativa mais eficiente e promissora que as fontes atuais para produção de energia a partir de biomassa, por sua alta capacidade energética e a possibilidade de uso de solos pobres em nutrientes na sua produção.
(Valor Econômico, Carbono Brasil, 13/03/2008)