O antigo primeiro-ministro britânico Tony Blair anunciou hoje que vai liderar um novo grupo de trabalho com peritos internacionais criado para propor um plano climático global. O antigo chefe de Estado trabalhista quer reduzir as emissões de dióxido de carbono para metade até 2050.
Blair disse que a sua iniciativa tem o apoio dos Estados Unidos, Europa e Nações Unidas e que já trabalha com esta equipa desde que deixou as suas funções em Downing Street, em Junho passado.
O grupo de trabalho – que inclui Nicholas Stern, autor de um relatório marcante sobre os custos das alterações climáticas, e especialistas da China, Japão, Estados Unidos e Europa - será lançado oficialmente numa reunião dos ministros do Ambiente dos 20 países mais poluidores do planeta, que arrancou hoje em Tóquio no âmbito das negociações para encontrar o sucessor do Protocolo de Quioto, que termina em 2012.
Esta equipa deverá apresentar ao G8 um primeiro relatório em Junho mas as conclusões definitivas só serão aguardadas para o Verão de 2009. Blair, que criou em 2005 este G20, deve pronunciar amanhã um discurso na assembleia-geral. Depois vai levar as suas ideias à China e à Índia, economias emergentes que actualmente não estão obrigadas por Quioto a reduzir as suas emissões mas que já são dos maiores emissores mundiais de gases com efeito de estufa.
“Isto é extremamente urgente”, disse Blair ao jornal britânico “The Guardian”. “Uma redução de 50 por cento em 2050 tem de ser uma componente central neste projecto. Temos que tentar chegar a um acordo este ano porque a partir da altura em que haja esse acordo, então todos teremos algo para concentrar o nosso trabalho. Precisamos de um verdadeiro acordo global, e que inclua a América e a China”, acrescentou Blair ao jornal.
O mundo tem menos de dois anos para conseguir um acordo. Se não o conseguir, diz Blair, pode aceitar as alterações climáticas como irreversíveis. “Dizem-me muitas vezes que já existem muitos planos climáticos e eu pergunto: quantos deles são politicamente executáveis? O que estou a tentar fazer é guiar politicamente o trabalho dos especialistas”, explicou.
Em Dezembro ficou decidido na cimeira de Bali, Indonésia, que o sucessor de Quioto deve ter contribuições de todos os países. Mas ainda não há acordo sobre como isso será feito. “De uma coisa estou certo. Não vamos conseguir a mobilização necessária se dissermos às pessoas para não consumirem. Os governos chinês e indiano estão determinados em fazer crescer as suas economias”.
(Ecosfera, 13/03/2008)