O presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, comprometeu-se hoje a defender as indústrias europeias que se sentem ameaçadas pela concorrência em caso de fracasso das negociações internacionais sobre o clima. A cimeira que vai debater o plano europeu para as alterações climáticas começou hoje em Bruxelas às 16h50 e termina amanhã.
“É possível que não cheguemos a um acordo global em 2009”, admitiu durante uma reunião com os representantes do patronato e sindicatos europeus em Bruxelas, antes da abertura da cimeira europeia que vai abordar o plano de luta contra as alterações climáticas apresentado pela Comissão Europeia a 23 de Janeiro. “Não queremos que as nossas indústrias saiam [da Europa]. Muito rapidamente teremos na nossa legislação medidas para as proteger”, garantiu Barroso.
Estão previstas duas grandes medidas: taxar as importações provenientes de países que não façam os mesmos esforços que a União Europeia e continuar com as licenças gratuitas para poluir, junto das empresas grandes consumidoras de energia, como as indústrias do cimento, alumínio e aço.
A União Europeia considera-se líder na luta contra as alterações climáticas. Os dirigentes da União comprometeram-se a reduzir as emissões de gases com efeito de estufa em 20 por cento até 2020, em relação a níveis de 1990. Este objectivo será elevado para os 30 por cento se houver acordo internacional. A Comissão Europeia apresentou um plano de acção, no qual uma das principais medidas seria obrigar as empresas a pagar pelas licenças de poluição. Os grandes grupos industriais ficaram preocupados e ameaçam deslocalizar as produções.
Mas durante esta cimeira, os líderes europeus deverão apenas confirmar o seu comprometimento em chegar a acordo sobre as propostas da Comissão para o final do ano 2008. Trata-se de tentar que os 27 países acertem o passo para possibilitar a apresentação de uma posição de força comum nas negociações no âmbito das Nações Unidas em Copenhaga, em 2009. A falta de consenso europeu pode atrasar a preparação da legislação europeia e enfraquecer o bloco nas negociações internacionais.
“Penso que o resultado final das negociações (no seio da UE) não deverá estar longe da proposta da Comissão”, considerou Barroso. “A União Europeia perderia toda a credibilidade se um ano depois de ter dado um sinal, ela mostrasse ser incapaz de realizar os seus objectivos”, advertiu.
Os líderes europeus estão conscientes de que outros países também estão a preparar as suas economias para legislação climática mais rigorosa e exigente, ditada pelo tratado sucessor de Quioto, que termina em 2012. “Os Estados Unidos começaram a investir em eco-tecnologia e nas renováveis”, lembrou Durão Barroso ao jornal italiano “Il Sole 24”. “Quando decidirem fazê-lo a grande escala, será difícil para a Europa competir se não decidir agora pôr o pé no acelerador”.
(AFP, Reuters, Ecosfera, 13/03/2008)