A ação humana, o mau uso do solo e as emissões de CO2 são as principais causas para o agravamento das mudanças climáticas, como apontou o primeiro dia da II Conferência Estadual de Meio Ambiente, em Vitória. Segundo a especialista Josilene Ferrer, da Secretaria Executiva de Programas de Mudanças Climáticas de São Paulo, o desmatamento lidera o problema.
“Estamos entre os maiores emissores de gases de efeito estufa não só por queima de combustível fóssil, mas por uso da terra, pelo desmatamento, queimadas, monoculturas, entre outros”, ressaltou Josilene.
Além dos efeitos ambientais provocados pela crescente mudança climática como enchentes, ressacas, erosão marinha, ciclones, entre outros, Josilene falou sobre a importância do reflorestamento de áreas degradadas. E ainda que em áreas com menos arborização há mais incidência de câncer de pele e catarata, em função da diminuição da camada de ozônio e da falta de proteção.
A conseqüência disso também resulta na falta de água. Segundo os dados apresentados pela palestrante, por volta de 2025, entre 30 e 90 milhões de pessoas sofrerão com a falta de água. Em 2055, o número pode chegar a 180 milhões.
“Sabemos que a natureza, por exemplo, passou milhões de anos juntando grandes quantidades de carbono que resultam no petróleo e nós estamos retirando esse petróleo de forma absurda e o devolvendo à natureza através da queima, em uma quantidade enorme. Estamos disparando processos que vamos demorar pra entender”, ressaltou a especialista.
Durante o evento, as carências de diversas regiões do Estado também foram expostas. Entre as propostas para combater as mudanças climáticas estão fortalecer os Comitês de Bacias Hidrográficas e incentivar a implementação de Áreas de Preservação Permanente (APP); criar fundo para financiar projetos de recuperação de áreas degradadas; realizar diagnóstico dos recursos hídricos do Estado; fortalecer as políticas ambientais dos municípios; criar Política Estadual de Educação Ambiental, e promover Zoneamento Ecológico Econômico.
Ao todo, serão discutidas 68 propostas gerais envolvendo a questão de preservação, recuperação e educação ambiental, e mais 11 propostas elaboradas pelo grupo de trabalho de desertificação.
Estiveram presentes no encontro representantes dos órgãos ambientais do Estado, como Instituto Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema), Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama), assim como representantes do Ministério do Meio Ambiente e delegados das regiões do Caparaó, sul do Estado, região norte e litoral, região noroeste, região serrana e região metropolitana.
A II Conferência Estadual de Meio Ambiente é realizada nestas quinta e sexta-feiras (13 e 14), no Centro de Convenções de Vitória.
(Século Diário, 14/03/2008)