Um auditório lotado, com cerca de 200 pessoas, assistiu perplexo na manhã desta quinta-feira (13/03), durante a abertura do III Fórum sobre o Impacto das Hidrelétricas no RS, denúncias sobre o descaso das autoridades federais e estaduais em relação à fauna e flora na região da bacia do rio Uruguai.
Exemplo típico foi o do pesquisador, professor da UFRGS e integrante da ONG Igré, Ludwig Buckup. Mesmo não tendo sido palestrante, ele permaneceu durante todo o dia no Salão de Atos II da UFRGS, acompanhando os debates. E resumiu sua preocupação sobre a construção da Usina Hidrelétrica de Pai Querê, no rio Uruguai: “É necessário que o governo faça uma reavaliação da unidade de Pai Querê, bem como das sucessivas unidades hidrelétricas ao longo do rio. Essa região está dotada de gigantesca diversidade biológica, com remanescentes da melhor cobertura florestal Estado”.
A preocupação do professor Buckup, assim como dos demais participantes do Fórum, é sobre o impacto que as hidrelétricas deverão causar nessa valiosas área de florestas nativas. “Em Barra Grande”, resume ele, “onde foi feita uma avaliação ambiental com EIA/RIMA falso, acabaram afogando árvores de grande valor, como araucárias. Agora, em Pai Querê, pelo que se percebe, a experiência de Barra Grande não serviu para nada. O governo federal, com apoio do estadual, está decidido a implementar a construção dessa usina. E ali vai ocorrer a perda de uma quantidade muito grande e importante da vegetação arbórea florestal nativa do Rio Grande do Sul, especialmente de araucária, árvore protegida por lei”.
E acrescenta: “O estudo ambiental apresentado até agora é cheio de erros e defeitos. Ele está incompleto. O processo de liberação vai avançando e o governo tem encarado o EIA/RIMA como um simples documento decorativo. Não pretende levar em conta nada do que está sendo levantado. A construção de Pai Querê faz parte do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e o próprio governo tem dito freqüentemente que as questões ambientais não irão atrapalhar a implementação desse programa”.
(Por Juarez Tosi, EcoAgência, 13/03/2008)