Durante todo o dia de ontem, o Ibama/RS realizou fiscalização em madeireiras e empresas que utilizam o produto como matéria-prima em várias cidades do Estado. O objetivo é verificar a comercialização irregular de madeira amazônica.
A operação "Guardiões da Amazônia, Operando no Destino" começou no início da manhã do dia 13 e está sendo realizada no País inteiro, operando em toda a cadeira produtiva (extração, transporte e comercialização) para identificar irregularidades na cadeira de comercialização e industrialização da madeira.
Em Rio Grande, o escritório regional participou de uma barreira que fiscalizou o transporte do produto na BR-392, junto à ponte do Retiro, em parceria com a Polícia Rodoviária Federal. À tarde, os técnicos visitaram diversos estabelecimentos como as serrarias localizadas no Município.
Segundo o chefe substituto do Ibama na região, Paulo Martins, nenhuma irregularidade foi encontrada na cidade. "O objetivo desta operação é conferir se a madeira declarada normalmente pelas empresas condiz com a encontrada no local. Normalmente esta declaração é repassada ao Ibama através do Documento de Origem Florestal (DOC). Além disso, a atividade visa também a verificar o transporte de madeira de espécies nativas", explica ele. A ação é denominada levantamento de pátio e apenas espécies nativas estavam sendo procuradas, visto que o eucalipto, por exemplo, não possui alto valor comercial.
No Estado, a operação será realizada de forma conjunta pelas equipes de fiscalização da Superintendência do Ibama/RS e pelos escritórios do Rio Grande, Caxias do Sul, Santa Maria, Bagé e Passo Fundo.
Segundo o responsável pela Divisão de Fiscalização do Ibama/RS, analista ambiental Fernando Falcão, "embora as pessoas tenham a tendência de associar a questão do desmatamento apenas à região amazônica, ações de fiscalização nos mercados consumidores são importantes para coibir a demanda destas espécies ameaçadas", explica.
Além disso, o Rio Grande do Sul é um centro consumidor, além de pólo exportador de madeiras tropicais através de seus vários portos aduaneiros - Rio Grande, Triunfo, Chuí, Jaguarão, Aceguá, Santana do Livramento, Quaraí, Uruguaiana e São Borja.
Para Falcão, é necessário prestar atenção em quem compra estes produtos. Além disso, ações de fiscalização nos mercados consumidores são menos dispendiosas e mais fáceis de serem efetivadas.
De setembro de 2006 a janeiro de 2008 (quando começou a operar o sistema no País), o Monitoramento do Sistema Documento de Origem Florestal (DOF) revelou uma grande demanda por madeira amazônica - e de espécies de corte e comercialização proibidas ou ameaçadas de extinção - em todo o Estado do Rio Grande do Sul.
Neste período, segundo dados levantados por analistas ambientais do Ibama/RS, foram apreendidos 2.367,282m³ de madeira, sendo que deste total cerca de 800 metros cúbicos são de castanheira e 40 metros cúbicos de mogno. Segundo o analista ambiental da Divisão Técnica do Ibama/RS, Carlos Henrique Jung Dias, embora nestas apreensões existam madeiras de estoques antigos, a maior parte do produto é de madeira serrada entre 2005 e 2006.
(Por Mônica Caldeira, Jornal Agora, 14/03/2008)