A portaria que aprova o zoneamento do cultivo de canola no Rio Grande do Sul deve ser publicada em Abril. A informação foi divulgada nesta semana pelo ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes. A medida deve servir de incentivo para que os produtores gaúchos invistam mais na planta, considerada uma das matérias-primas mais promissoras para a produção de biodiesel.
O pesquisador da Embrapa Trigo de Passo Fundo, Gilberto Tomm, explica que canola possui um rendimento excelente para a produção de biodiesel. Seu teor está estimado em 38%, bem maior do que o da soja, que tem 18%. Além disso, a canola tem outras utilizações, como a produção de farelo e a geração de óleos comestíveis, o que garante mercado e opções de comercialização para o produtor.
“O óleo de canola não apenas é uma matéria-prima para formulação de biodiesel, como também é um dos melhores óleos vegetais para o consumo humano, tendo em vista que ele tem a menor gordura saturada de todos os óleos vegetais e substâncias que diminuem o risco de doenças do coração”, afirma.
A canola é uma cultura de inverno, característica que é apontada por Tomm como uma vantagem. De acordo com o pesquisador, a canola é ideal para ser cultivada junto com outras culturas, especialmente porque ela previne doenças que atacam outras plantas, como o milho, o trigo e a cevada. Com isso, podem ser reduzidos os agroquímicos e, conseqüentemente, os custos de produção.
“A introdução da canola no sistema de produção do produtor ou na propriedade do produtor no inverno não compete com outras culturas, mas sim é complementar. Ela ajuda as demais culturas, o que interessa para o produtor, ter uma renda final interessante no final do ano”, argumenta.
Tomm lembra ainda que os padrões europeus de qualidade para biocombustíveis estão baseados na canola. Isso porque a cultura é uma das poucas matérias-primas para biodiesel que podem ser cultivadas na Europa, devido ao frio. Na avaliação do pesquisador, esse ponto pode ser uma vantagem para os produtores que produzem a partir do cultivo.
O Rio Grande do Sul possui a maior área de canola no Brasil, cerca de 22 mil hectares. A produção está concentrada em pequenas propriedades, principalmente no Oeste e nas Missões. Mais recentemente, o cultivo começou a se expandir para o Norte e Centro do Estado.
(Por Patrícia Benvenuti, Agência Chasque, 13/03/2008)