O governador Blairo Maggi cogitou, ontem (13), em reunião com prefeitos e presidentes de federações da Agricultura e das Indústrias de Mato Grosso, romper o pacto federativo firmado na área ambiental entre Mato Grosso e Ibama. O Instituto Brasileiro de Meio Ambiente deflagrou, na segunda-feira, a Operção Arco de Fogo e literalmente patrolou a Sema, que não participa das ações. Blairo foi informado que a fiscalização nas indústrias madeireiras em Sinop e Alta Floresta está sendo feita sem considerar o acordo técnico firmado com a Secretaria de Meio Ambiente que definiu, por exemplo, os critérios de medição dos estoques de toras nos pátios das empresas (estoques). O Ibama passou a utilizar seu próprio critério desconsiderando algumas questões que podem apresentar resultados diferentes e, conseqüentemente, multas para os industriais madeireiros. "Todos os autos de infração que sairão desta fiscalização estarão errados porque o Ibama está fazendo do seu jeito sem respeitar o que foi acordado", criticou.
Com o pacto, a Secretaria de Meio Ambiente de Mato Grosso também gerencia determinadas questões ambientais. Mas as lideranças políticas, industriais e agronegócios pediram para que o governo estadual não abra mão do pacto, mesmo com o Ibama não cumprindo o que foi acordado. "O que não posso concordar é que passamos 4 anos trabalhando, criando regras, fazendo fiscalizações e depois vem aqui o Ibama e, de forma diferente, autuar aqueles que estão trabalhando dentro das regras que a Sema estabelceu com critérios definidos com o próprio Ibama", afirmou. Blairo disse ter manifestado seu desagravo para a ministra Marina Silva e disse que vai informar ao Congresso Nacional as medidas que o governo federal tem implantado em Mato Grosso e que tem prejudicado os setores madeireiro e do agronegócio. "A Comissão de Meio Ambiente tem que estar a par do que está ocorrendo no Estado e apreocupação de todos os setores e poderemos inclusive, se necessário, acionar o Supremo Tribunal Federal para dirimir as dúvidas entre o Estado e a União", adiantou.
No encontro, conforme Só Notícias já informou, foram apresentados os dados atualizados da revisão que a Sema fez em 663 dos 1.100 pontos que o INPE apontou, nas 19 cidades, como tendo aumento nos desmates. O balanço aponta que desmates recentes representam apenas 10,12% do total. Área sem indícios de desmate são 12,6%. Áreas com vestígios de queimadas são 46,5%. Áreas de exploração seletiva de madeira representam 12,69%. Áreas com ocorrências de incêndios 12,69%. A Sema aponta diversas falhas nos dados apresentados pelo Inpe. Fotografou locais onde o instituto diz que houve desmates, mas, por exemplo, são áreas de pastagens. Os dados finais do levantamento devem ser concluídos nos próximos dias. O governador disse que é prudente aguardar a conclusão do balanço para definir sobre eventual medida judicial contra a operação Arco de Fogo.
O vice-presidente da Assembléia, Dilceu Dal Bosco, criticou a operação nas indústrias madeireiras e disse que seria aceitável se o Ibama fosse inspecionar as áreas onde o Inpe apontou queimadas, " mesmo com todo este desgaste que tem por estar sendo questionado".
Durante o encontro, o presidente da Fiemt, Mauro Mendes, classificou de "safadeza" a atitude do Ibama.
O prefeito de Sinop, Nilson Leitão, disse, na audiência, que o setor madeireiro já sofreu duas devassas com as operações Curupira e Guilhotina e que não é aceitável que o setor seja massacrado novamente. "O Nortão está assustado e revoltado. O Ibama está desdenhando da Sema. Não podemos aceitar isso dessa forma e não só a classe política deve se mobilizar em Brasília mas também os setores produtivos", sugeriu.
Neste momento, as medidas que vão ser adotadas estão sendo discutidas, em reunião na Famato, com prefeitos e federações ligadas ao setor industrial e agrícola.
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Só Notícias, 13/03/2008)