A III Conferência Estadual de Meio Ambiente (ES) será realizada nesta quinta-feira (13/03) e sexta-feira (14/03) no Centro de Convenções de Vitória. A conferência discutirá as mudanças climáticas, causadas principalmente pelos gases do efeito estufa. No Espírito Santo, as empresas que mais emitem estes gases são a Vale, ArcelorMittal Tubarão e Belgo, Aracruz Celulose e Samarco.
Segundo informou a assessoria do Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema), nesta quinta (13/03) será realizada palestra por Josilene Ferrer, responsável pela área de Mudanças Climáticas da Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental de São Paulo (Cetesb).
Também serão discutidas políticas de âmbito estadual de combate às mudanças climáticas. Já no segundo dia, as discussões serão com relação às propostas de âmbito nacional, que serão levadas para a Conferência Nacional a ser realizada em maio.
A conferência estadual foi precedida de seis conferencias regionais, realizadas nos meses de janeiro e fevereiro. Nelas, foram eleitos delegados para a Conferência Estadual e levantadas propostas que serão discutidas nas conferências estadual e nacional.
Informa o Iema que “neste ano os temas abordados nas conferências regionais e na estadual são as mudanças climáticas, que causam grande apreensão na sociedade a partir da divulgação, no ano passado, dos relatórios do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC)”.
A contribuição das empresas capixabas para emissão dos gases que aquecem o planeta é grande: são 264 toneladas/dia (96.360 toneladas/ano) de poluentes lançados no ar pela Vale ArcelorMittal Tubarão (ex-CST) e Belgo (também ArcelorMittal). Estas emissões prejudicam o meio ambiente.
Mas, principalmente, afetam a saúde dos moradores. Entre os poluentes figuram micropartículas de ferro, as PM2, que vão contaminar os pulmões, além de derivados do enxofre que, em contato com a água, produzem ácido sulfúrico. O ácido pode lesar a pele e também ser inalado. Ao todo, são 59 os tipos de gases lançados, sendo 28 altamente nocivos à saúde.
Provocam as mais diferentes doenças na população da Grande Vitória. Entre elas, vários tipos de câncer, doenças alérgicas e respiratórias. Provocam ainda queda de imunidade às doenças. E custam os olhos da cara aos moradores da região. Cada morador da Grande Vitória (GV) gasta R$ 100,00, por ano, para tratar as doenças causadas pela poluição.
Ao longo das operações de suas usinas as doenças que provocaram exigiram da população o investimento de R$ 3,7 a R$ 4,4 bilhões (cálculos de 2003) para tratamento.
A Vale e as empresas da ArcelorMittal provocam 50% da poluição do ar na Grande Vitória, segundo dados apurados pelo Instituto de Física Aplicada da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). A Vale responde por 20% 25% dos poluentes do ar, CST - Arcelor de 15% a 20% e a Belgo -Arcelor de 5% 8% das 264 toneladas/dia de poluentes.
No sul do Estado, a poluição do ar com emissão de gases do efeito estufa é promovida principalmente pela Samarco. Já a Aracruz Celulose emite poluentes em três usinas instaladas em Barra do Riacho, no município de Aracruz.
(Por Ubervalter Coimbra, Século Diário, 13/03/2008)