Você costuma ir ao supermercado? Não tem jeito. Quem não precisa cumprir esta missão da vida doméstica? Então, preste bem atenção como há centenas de embalagens que mal você chega em casa e já vai descartando. Por exemplo: a caixa da pasta de dente, a embalagem de papel, papelão e plástico que costuma empacotar mais de um item em promoção (os chamados packs), a caixa do cereal matinal, etc.
Se a sua rua, ou bairro, não tem coleta de lixo seletivo (como é o nosso caso, aqui na Ilha do Governador, Rio de Janeiro), as embalagens se misturam ao lixo molhado, orgânico e não tem jeito. Não há como reciclar.
A partir desta constatação, o Grupo Pão de Açúcar, sempre inovador em matéria de conscientização ambiental, resolveu lançar projeto pioneiro, Caixa Verde, para chamar a atenção dos consumidores. No lugar de descartar em casa, as caixas podem ser deixadas ali mesmo, no supermercado.
"Temos uma preocupação socioambiental muito grande. E percebemos que poderíamos, com esta nova ação, mobilizar ainda mais os consumidores e depois até mesmo os fabricantes", explica Beatriz Queiroz, gerente de sustentabilidade no consumo do Grupo Pão de Açúcar.
O Caixa Verde foi lançado em São Paulo. O resultado dessa experiência demonstrou a aplicabilidade da ação e o sucesso da iniciativa que em seus primeiros trinta dias recebeu 1.300 embalagens, cerca de 50 quilos de material reciclável, com papel e plástico em sua maioria.
Agora, chegou ao Rio de Janeiro, onde as caixas para depósito estarão instaladas em seis lojas da rede: Barra da Tijuca (Av. das Américas, 2000), Tijuca (Rua Dr. Satamini, 164), Jardim Botânico (Rua Jardim Botânico, 680), Flamengo (Marques de Abrantes, 165) e em duas unidades de Copacabana (Rua Pompeu Loureiro, 15 e Rua Nossa Senhora de Copacabana, 493).
O material arrecadado no Rio será encaminhado à Comlurb (Companhia Municipal de Limpeza Urbana), que redistribui o material entre às 30 cooperativas cadastradas. Com isso, além do foco ambiental, o Caixa Verde promove a geração de emprego e renda e expandindo a capilaridade da ação também para o âmbito social. O objetivo da empresa é que até o fim de 2008, a ação seja estendida para mais 100 lojas do grupo no país.
"Estamos sempre nos antecipando às inovações e lançando novidades, procurando atender os consumidores da melhor forma. Antes já tínhamos as estações de reciclagem, recolhendo material que eles trazem de casa. Fomos pioneiros, lançando este projeto em 2001. E também temos sacolas retornáveis, que viraram moda. São diferentes modelos", explicou Walter Zaim, diretor de operações da rede no Rio de Janeiro. Cada sacola custa R$ 3,99 e é feita de material reciclado, como ráfia, disponíveis em quatro modelos, em parceria com a Fundação SOS Mata Atlântica.
Ainda é cedo para ter dados que possam ser considerados uma boa amostra, mas o Pão de Açúcar quer perceber a reação dos consumidores e poder repassar estes dados para os fabricantes. Beatriz Queiroz e Walter Zaim lembram que a mudança pela qual passou o segmento de embalagens no Brasil (e no mundo) mostra sempre evolução. É claro que muitas embalagens são necessárias, reiteram os dois , por informações importantes ou para que os produtos permaneçam em bom estado e invioláveis.
Mas recomendamos, em sua próxima compra, que nem tudo segue esta verdade absoluta. Assim, se ficar provado que em alguns casos estas embalagens não desncessárias, é possível que os fabricantes passem a pensar em novas propostas no futuro. Plurale em site faz um desafio aos mais "experientes", que certamente se recordam: um dia, já tomamos leite que chegavam em latas para quem morou no interior, carregado por carroças, ou em vidros e sacos de plástico que estouravam antes de chegar em casa. E pensar que alguém chegou a afirmar que o tetra pak, em papel reforçado, daria gosto diferente no leite. O tempo é senhor da razão. E, em se tratando de conscientização ambiental, nada melhor do que o tempo para mostrar que cada um tem um papel urgente e relevante para salvar este planeta.
(Sônia Araripe, Carbono Brasil, 12/03/2008)