Vicente Dutra ainda não figura entre os 54 municípios gaúchos que decretaram situação de emergência. O prefeito Casemiro Telski, porém, não descarta a possibilidade. Ao contrário das demais cidades da Zona da Produção, que fundamentaram os decretos com relatos de perdas na produção, a zona rural de Vicente Dutra enfrenta um problema gravíssimo: a falta de água potável. As vertentes e os poços artesianos secaram nas localidades de Taipas, Cinamomo, Linha Pinheiro e Linha Cavalheiro. 'Distribuímos diariamente 28 mil litros de água em cada uma dessas comunidades', relata. Telski revela que poços com 294 m de profundidade estão secando. Para garantir o abastecimento das famílias, os servidores da prefeitura improvisaram um caminhão-pipa, colocando um reservatório de 7 mil litros de água sobre o compartimento de cargas de uma caçamba.
Ontem, pouco depois das 8h o veículo começou a percorrer Linha Pinheiro. O pequeno produtor Gelson Klimeck, 33, a mulher Soeli, 26, e a filha Bruna, 2, festejaram a chegada da água. 'Para tomar banho e lavar a roupa buscamos água nos açudes', revela Soeli, que logo tratou de saciar a sede da menina. Os sogros, Augusto e Luisa, 79 e 74 anos, asseguram nunca terem passado por tamanha privação. 'Outro dia caminhei dois quilômetros para buscar um balde', relata o idoso.
Em Frederico Westphalen, o prefeito Luiz Carlos Stefanello também recorreu a um carro-pipa para atender 95 famílias da zona rural. 'Realizamos cinco viagens por dia', explica. A água é captada numa fonte natural na cidade, localizada na praça Blasi. Segundo o prefeito, os prejuízos se concentram na agricultura. 'Chegam a R$ 12 milhões as perdas.'
(Correio do Povo, 12/03/2008)