A liberação do plantio de milho transgênico no País tem despertado o interesse dos produtores do Rio Grande do Sul. As vantagens em relação à redução dos custos e as possibilidades de incremento de produção são os principais atrativos da tecnologia.
Para o presidente da Associação dos Produtores de Milho do Rio Grande do Sul (Apromilho), Cláudio de Jesus, as chances são grandes de que o plantio inicie-se já na próxima safra em solo gaúcho. "O volume de sementes ainda não é muito grande, mas já se poderá plantar um pouco na próxima safra", acredita. Ele destacou a importância do uso de novas tecnologias contra pragas e doenças como forma de o Estado aumentar sua produção e migrar de uma posição de importador para exportador. "A demanda mundial tem crescido muito rápido, o mercado internacional é muito favorável", destacou.
O dirigente afirma que o setor aguarda agora a possibilidade de em breve contar com variedades de sementes resistentes ao estresse hídrico e também ao frio. "Seriam ferramentas essenciais para aumentarmos a competitividade com Estados Unidos, Argentina e China." Segundo ele, o Estado importa hoje cerca de 30% da demanda interna pelo produto.
No que diz respeito ao custo, o presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho), Odacir Klein, diz que é possível a redução à medida que as sementes transgênicas são mais resistentes a determinados agentes externos, resultando um uso menor de defensivos agrícolas e um efeito ambiental melhor.
Klein lembrou os efeitos negativos da lagarta-do-cartucho nas lavouras do Sul do País. "A praga prejudicou sensivelmente o cereal produzido por meio de sementes convencionais. O milho produzido por sementes transgênicas é resistente a determinados tipos de pragas", salientou.
Entre os produtores de sementes, a estimativa é de que o milho transgênico poderá ter uma utilização em 70% da área cultivada com o grão no País, dentro de três a quatro anos. Conforme o presidente da Monsanto do Brasil, Alfonso Alba, a expansão da tecnologia será rápida, já que no Brasil as lavouras têm sérios problemas com a infestação de lagartas.
As sementes de milho estarão disponíveis para plantio na safra 2008/2009, a partir de outubro e também para a próxima safrinha. Além da Monsanto com o milho transgênico MON810, ou YieldGard, a Basf também obteve liberação para plantio comercial de sementes geneticamente modificadas, com a variedade Liberty Link. No início do ano, a liminar judicial que impedia a CTNBio de liberar qualquer variedade de milho transgênico foi suspensa pela desembargadora Maria Lúcia Luz Leiria.
(JC-RS, 12/03/2008)