Cerca de 400 integrantes do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) estão acampados na entrada da Usina de Machadinho, na divisa entre o Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Eles chegaram ao local na manhã desta terça-feira (11/03) e reivindicam que o consórcio Maesa, responsável pela obra, apresente soluções para os problemas trazidos pela construção da barragem, que atingiu 2,2 mil famílias. O consórcio é formado, entre outras empresas, pela Votorantim e pela Camargo Correa.
O integrante do MAB Ricardo Luiz Montagner afirma que ainda estão pendentes 250 casos de indenizações e reassentamentos. Além disso, relata que são precárias as condições de infra-estrutura nas comunidades atingidas, principalmente nas habitações, estradas e nos sistemas de água e de energia. “Essas são as conseqüências com a formação do lago. Quando se criou uma expectativa de que tivesse esse desenvolvimento para os municípios e para as comunidades ribeirinhas, o que sobraram foram os problemas, pendências que não foram resolvidas”, diz.
De acordo com Montagner, os ribeirinhos também são perseguidos pela Polícia Ambiental. A pedido das empresas, a Polícia impede o acesso dos ribeirinhos ao lago. Além disso, o agricultor denuncia que a utilização da água da barragem tem sido dificultada pelo próprio Ibama, que estipulou em 100 metros a área de preservação permanente ao redor do lago.. “O pessoal quer acessar o uso do lago para pesca de sobrevivência. Não é pescador que vai explorar o comércio do pescado, o comércio do peixe, mas sim os agricultores não estão tendo acesso ao lago para fazer o pescado de sua subsistência”, diz.
Em nota, a assessoria de imprensa da Maesa informa que, desde a fase de construção do empreendimento até hoje, foram atendidas todas as exigências legais e ambientais. Além disso, o consórcio afirma que todas as famílias abrangidas já foram reassentadas ou indenizadas. A usina de Machadinho entrou em funcionamento em 2002, e seu faturamento anual está estimado em R$ 550 milhões. A ação do MAB faz parte da Jornada de lutas de 14 de março, dia internacional de lutas contra as barragens.
(Por Patrícia Benvenuti, Agência Chasque, 11/03/2008)