Racionalização da energia e da água estão entre os principais benefícios do programa de irrigação noturna do governo do Paraná. Implementado em 2007, o projeto já teve a adesão de 500 agricultores até o momento, e pelo menos 1000 buscam informações para sua utilização. O técnico responsável pelo programa na Secretaria de Agricultura do Estado, Tarciso Fialho, explica que a irrigação entre as 21h30min e 6h da manhã permite diminuir a quantidade de água e de energia gastas. Segundo ele, o uso da energia elétrica durante esse período chega a ser 60% mais barato. Com isso, a economia do produtor pode ser de 10% no final do mês.
“A irrigação noturna poderia trazer alguns benefícios não só para o meio ambiente, pela questão de você estar utilizando menos água, pelo fato de estar irrigando à noite, mas por fazer um uso mais racional da energia elétrica”, afirma. Outro objetivo do programa, explica Fialho, é a substituição da matriz energética dos tratores dos irrigantes. No momento em que adere ao programa de irrigação noturna, o agricultor é incentivado a usar nas máquinas energia elétrica em vez de combustíveis fósseis, tornando o processo menos poluente.
No entanto, uma das dificuldades da adesão, de acordo com o técnico, ainda é a falta de confiança do agricultor nas novas tecnologias e nos resultados da própria irrigação noturna. Além disso, são necessários investimentos por parte do produtor, o que ficou mais difícil depois das quebras das últimas safras. Apesar das dificuldades, o coordenador estadual da Federação dos Trabalhadores da Agricultura Familiar do Paraná (Fetraf-Sul), Neveraldo Oliboni, avalia que o programa traz várias vantagens aos produtores. De acordo com ele, a racionalização no uso da água e da energia contribui para a diversificação das culturas, gerando assim mais renda.
“Sem dúvida nenhuma, é uma novidade bastante importante que, com certeza, vai trazer bons resultados para a agricultura familiar do nosso Estado”, diz. Diferente do Plano de Irrigação do Rio Grande do Sul, o programa paranaense de irrigação não prevê a construção de barragens para armazenamento de água. O plano gaúcho irá contar com R$ 1,4 milhão em investimentos do Estado até 2010, além de mais R$ 88 milhões do governo federal. O programa prevê, ainda, a construção de 180 mil microaçudes e nove barragens só no Rio Santa Maria. Até agora, porém, nenhum microaçude foi construído.
(Por Patrícia Benvenuti, Agência Chasque, 11/03/2008)