Pesquisa de mestrado apresentada no Instituto de Geociências (IG) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) alerta para o aumento das chácaras de recreio na sub-bacia do Ribeirão dos Pires, em Limeira, no Estado de São Paulo. O geógrafo Ricardo Gontijo realizou estudo minucioso a partir de técnicas de geoprocessamento e identificou um fenômeno recente naquela região, observado em áreas destinadas a uma segunda residência de indivíduos que buscam uma maior proximidade com a natureza. O problema, destaca Gontijo, é que a ocupação avança em áreas de proteção ambiental.
“O local apresenta crescimento urbano expressivo, representado principalmente por loteamentos de chácaras de recreio, que se disseminam em regiões de grande dinamismo econômico, em razão da proximidade da Rodovia Anhanguera”, destaca Gontijo, que é professor do Colégio Técnico de Limeira (Cotil) da Unicamp.
O geógrafo apurou que o processo de crescimento urbano na região avançou de 2,5%, em 1978 para 12,5% em 2006. Isto significa uma área de 360 hectares, considerada como urbano não consolidado. “O aumento de novos loteamentos é inevitável, caso não haja uma maior intervenção do poder público”, esclarece. A preocupação de Gontijo vai além. Segundo ele, ocorre uma especulação imobiliária no local, impedindo, inclusive, a regularização dos loteamentos da região. “Os empreendimentos não são tributados como áreas urbanas e o processo de regularização é muito lento. Outra preocupação é a disseminação dos valores urbanos nas áreas rurais, que resulta em conseqüências negativas como o aumento da violência”, denuncia.
As análises, orientadas pelo professor Lindon Fonseca Matias, apontam também o crescimento das plantações de cana-de-açúcar no entorno da área de estudo. Em 1978 eram 7,24% da área com cultivo temporário de cana, sendo que em 2006, este número salta para 34,77%, com tendência a um crescimento ainda maior. Por outro lado, os cultivos perenes como laranja, limão e outras frutas cítricas diminuíram de 45,97% em 1978, para 27,02% em 2006. Isto revela, segundo ele, uma perspectiva pessimista, em razão do maior desgaste dos solos, em áreas que deveriam ser protegidas.
(Por Raquel Carmo dos Santos, Jornal da Unicamp, 11/03/2008)