A União Européia quer que os países em desenvolvimento se esforcem mais na redução das emissões de gases do efeito estufa, em vez de dependerem apenas de esquemas de compensação por emissões, disse um alto funcionário na terça-feira. O Protocolo de Kyoto (tratado contra o aquecimento global) autoriza os países ricos a cumprir suas metas de redução de emissões financiando cortes nos países em desenvolvimento.
A UE tem sido o maior comprador de créditos de carbono, mas agora quer que os países em desenvolvimento assumam mais responsabilidade, o que pode jogar água fria no bilionário mercado das emissões de carbono. Os europeus devem levar essa proposta a uma reunião climática deste mês em Bangcoc, a primeira em um processo de dois anos lançado em Bali, em dezembro, que deve resultar em um novo tratado climático que substituía o Protocolo de Kyoto a partir de 2012.
"Se os países em desenvolvimento continuarem sendo apenas fornecedores de compensação, simplesmente não iremos atingir os níveis [desejados] de emissões", disse o diretor de Comércio de Emissões da Comissão Européia (Poder Executivo da UE), Yvon Slingenberg, numa conferência na Dinamarca.
"Precisamos repensar. [Cortar emissões deveria] ser uma parte maior da contribuição das nações em desenvolvimento. [Queremos] uma mudança gradual da compensação para a limitação e comercialização." Esquemas de limitação e comercialização estabelecem limites para as emissões de gases do efeito estufa e permitem que os países e empresas participantes vendam autorizações para emissões dentro desse limite.
Os países pobres rejeitam esses limites, dizendo que sua prioridade é reduzir a pobreza, e que os países já desenvolvidos devem pagar pelo aquecimento que provocaram. A postura anunciada na terça-feira pela UE não foi bem recebida pelo diretor de assuntos climáticos da ONU, Yvo de Boer.
"Os países em desenvolvimento, no momento, diriam que o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo [esquema de compensações por emissões] é o único dinheiro sério sobre a mesa, e vocês [UE] estão propondo restringi-lo em termos de volume", afirmou de Boer. "O mundo em desenvolvimento não está disposto a se adaptar a uma abordagem de limitação e comercialização, já deixou isso muito claro."
(Por Gerard Wynn e Michael Szabo, Reuters, UOL, 11/03/2008)