O Ceará vai participar de leilões de energia limpa. O anúncio é o primeiro passo para efetivar a meta do Governo do Estado de exportar energia eólica, em cinco anos. Até o final de 2008, a produção dos parques eólicos locais deve sair dos atuais 27MW para cerca de 500MW
Exportação - Ceará entra na disputa pelo mercado de energia limpa
Na busca por ampliar a produção de energia limpa, o Estado deve ver transformada a Companhia de Gás do Ceará (Cegas) em uma empresa que cuide do potencial energético do Ceará.
A energia eólica é destaque e o Estado deve pleitear com o Governo Federal leilões para aumentar a produção
Parques eólicos cearenses vão saltar de 27 MW para mais de 500 MW, com a implantação de outras 14 plantas de energia dos ventos no Ceará
Exportar energia em um prazo máximo de cinco anos e transformar a Companhia de Gás do Ceará (Cegas) em uma empresa que coordene estudos na área e regule o potencial energético do Estado. Essa é a meta do Governo quando se fala em produção de energia limpa no Estado. O anúncio do que é o primeiro passo do Ceará para vender energia limpa em leilões nacionais foi feito ontem, no I Seminário Regional de Planejamento Energético, promovido pela Secretaria de Infra-Estrutura do Estado (Seinfra).
"Estamos estudando outras possibilidades e vendo a viabilidade do projeto. O objetivo é fazer com que o Ceará deixe de ser unicamente importador de energia e passe, no prazo de cinco anos, a exportar", explicou o governador. Nesse projeto, a menina dos olhos do Governo é a produção energia eólica. Até o fim deste ano, os atuais três parques do Estado - Pecém, Prainha e Mucuripe - ganharão o reforço de outros 14, financiados pelo Programa . No total, serão gerados 527MW de energia dos ventos, de um potencial estimado em 25 mil MW. O atual consumo de energia no Estado é de 1.200MW.
Para o titular da Seinfra, Adail Fontenele, a produção dos parques eólicos já responderia por quase metade do consumo do Estado. O restante poderia vir das duas termelétricas, que devem ser instaladas no Complexo Industrial e Portuário do Pecém e gerarão 1.300MW. No entanto, Fontenele destaca que a idéia é pleitear junto ao Governo Federal a abertura de novos leilões para energia eólica. "Com esse seminário, vamos formatar um documento e iniciar uma peleja com o Governo Federal para abrir novos leilões", afirma.
No mercado, os projetos estão em ebulição. A empresa de consultoria na área, Braselco, tem 12 projetos em fase de elaboração. O engenheiro da empresa, Ivo Albuquerque, afirma que juntos esses projetos somam 350MW. No próximo leilão a ser realizado, o A-3 - ainda sem data fixa -, quatro projetos devem disputar os ventos cearenses. "O A-3 deve instalar essa energia em três anos", explica Albuquerque, complementando que dos quatro projetos, três são espécies de "sobras" do Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (Proinfa).
Outras fontes Sobre as outras possibilidades de energia limpa, Fontenele afirma que ainda neste ano deve ser elaborado um mapa do Ceará para medir o potencial de energia solar. No mês passado, o presidente da Agência de Desenvolvimento do Ceará (Adece), Antônio Balhmann, havia afirmado a negociação do Estado com uma empresa para incentivar a exploração desse fonte energética. A idéia é que a MPX - que já toca projeto de uma termelétrica no Pecém - instale uma usina solar comercial também naquela localidade.
De acordo com Fontenele, a exploração da energia das ondas é a terceira possibilidade do Estado. Um projeto piloto foi organizado pela Coordenação dos Programas de Pós-graduação de Engenharia (Coppe), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e está orçado em R$ 6 milhões. Agora, é só aguardar recursos já garantidos como o Governo Federal para iniciar a operação do projeto, também no Pecém. (Colaborou Diego Silveira)
(O Povo,
FGV, 11/03/2008)