Com média diária de 2,9 mil toneladas de lixo coletados todos os dias, a cidade de Manaus demonstra, aos longo dos últimos anos, um crescimento econômico e populacional que exige, entre outros desafios, "acertar os ponteiros" da educação ambiental, incluindo-se nesse aspecto os horários e os locais certos para se desfazer do lixo originário de residências, empresas, feiras e hospitais, entre outros. A avaliação é da secretária municipal de Meio Ambiente, Luciana Valente.
"É comum que o lixo seja colocado nas ruas em horários diferentes dos que o caminhão de coleta passa diariamente, o que facilita sua violação por cachorros de rua ou possibilitando que seja levado pelas chuvas”, observa. “Por isso, levamos a cabo uma campanha permanente sobre os horários e pontos de coleta."
A secretária destaca a necessidade de reforçar as ações de educação ambiental e diz que, para isso, é preciso compreender as particularidades da zona urbana de Manaus em comparação a outras capitais, como a existência de igarapés (cursos d'água pouco profundidos) dentro da cidade.
"Temos muitos desafios. Trabalhamos intensamente para fortalecer as bases da educação ambiental, mas a situação não é a mesma para todos. A cidade é cortada por diversos igarapés , onde muitas pessoas se assentam irregularmente e acabam gerando acúmulo de resíduos sólidos, aumentando o risco de alagações e causando problemas ambientais e de saúde pública."
A subsecretária da Secretaria Municipal de Limpeza Urbana (Semulsp), Suely D'Araújo, reconhece os desafios, mas avalia que a capital apresenta avanços no sistema de limpeza urbana que devem ser lembrados. Segundo ela, nem mesmo o chorume (líquido resultante da decomposição de resíduos orgânicos) deixa de ter uma destinação adequada atualmente.
Ela lembrou que somente em novembro do ano passado se consolidou o novo sistema de disposição final de aterro sanitário, passando-se a contar com a drenagem de chorume e gases e a construção de lagoas de sedimentação para tratamento dos líquidos gerados pela decomposição dos resíduos no corpo do aterro.
No balanço dos pontos positivos e negativos, para as representantes da Semma e da Semulsp, o grande avanço foi a disposição final do lixo. "Já existia um sistema de coleta que foi ampliado em função do crescimento da cidade e da existência de pelo menos 25 áreas na cidade que não eram atendidas pelo serviço público. Houve uma ampliação da oferta de serviço", diz Luciana Valente.
"Em 2005, saímos de um estágio de lixão para o estágio de aterro controlado e no fim de 2007 passamos a contar com um aterro sanitário dentro das normas técnicas e ambientais vigentes para começar a aterrar o lixo a partir da estiagem das chuvas. Já temos áreas devidamente construídas e revestidas com membranas impermeabilizantes, com drenos para gases, lagoas para estabilização de resíduos. Há ainda uma vala séptica para destinação dos resíduos hospitalares em geral", comenta Suely.
Na capital do Amazonas, a limpeza pública é administrada pela prefeitura da cidade, mas conta com a terceirização de parte dos serviços, como a coleta e a aterro de resíduos sólidos. A coleta realizada inclui diferentes modalidades – manual, mecanizada, seletiva, entre outras. A coleta domiciliar responde por mais de metade do total diário de lixo coletado e, para 2008, o orçamento destinado a Semulsp é de R$ 129 milhões – enquanto em 2007 foi de R$ 101 milhões. Em 2007 a prefeitura inaugurou uma nova balança, de 60 toneladas, que dobrou a capacidade de trabalho. Além disso, os carros coletores estão munidos com kits que possibilitam seu rastreamento via satélite, facilitando a fiscalização do serviço e o acompanhamento desses carros em tempo real.
Um novo aterro já é previsto, mas segundo Suely D'Araújo, somente em 2009 devem ser feitas as licitações para escolha. "Ainda este ano vamos concluir todos os estudos prévios necessários para construção de dois novos aterros, inclusive com a indicação de detalhes necessários às demandas de Manaus. Assim, ano que vem, daremos continuidade a essa atividade. Até lá, vamos continuar fazendo a coleta dos resíduos sem afetar a vida da cidade", antecipa.
Sobre projetos futuros, D'Araújo informa que já está em andamento um trabalho específico para queima de gases, buscando-se possibilitar a entrada de Manaus no mercado de crédito de carbono. "Nesse processo, os gases são levados por meio de tubos para os queimadores e com isso se destrói o metano, cujo potencial poluente para efeito estufa é 21 vezes maior que o do carbono. Queremos ver a quantidade de metano que foi produzida e o quanto esse número corresponde em carbono a fim de lançar isso no mercado. Esse projeto já foi aprovado e está em fase de implantação", diz.
(Carbono Brasil, 10/03/2008)