Atendimento no Hospital Getúlio Vargas, na Zona Norte do Rio, é suspenso diante da quantidade de casos da doença
A corrida aos hospitais atrás de tratamento para dores no corpo, febre alta e prostração, principais sintomas da dengue, tem deixado muita gente apavorada. Preocupadas, as mães recorrem às emergências. Ontem, o Hospital Getúlio Vargas, na Penha (Zona Norte), chegou a suspender o atendimento a novos pacientes durante uma hora e meia. Por causa do grande movimento no pronto-socorro, o preenchimento de fichas ficou interrompido das 15h30m às 17h. De acordo com a direção da unidade, o número de pacientes socorridos foi considerado recorde: 600 pessoas. E o motivo, segundo a direção do hospital, foi a dengue.
A professora Eliane de Oliveira, moradora da Ilha do Governador, sofreu na pele a confusão dos hospitais lotados. Depois da preocupação por ver o filho Felipe, de 10 anos, com febre e dor no corpo, ela se encaminhou com o menino para o Hospital Santa Maria Madalena, no próprio bairro. Logo na chegada, deparou-se com uma placa no portão de entrada pedindo que os pacientes entendessem a demora no atendimento, atribuída ao alto número de casos de dengue.
- Fiquei apavorada com a quantidade de crianças contaminadas pelo mosquito. Estava parecendo até hospital público. Entre ser atendida e pegar o resultado dos exames, levei umas quatro horas. A pediatra do meu filho, que também trabalha no Hospital Municipal Nossa Senhora do Loreto (Ilha do Governador), disse que internou várias crianças doentes. Também soube que no Hospital Paulino Werneck (no mesmo bairro) tem vários casos de dengue hemorrágica.
A pediatra Danieli Garcia confirma que o número de casos na cidade alcança um nível absurdo diante da inércia das autoridades.
- Nos últimos quinze dias, 50% dos pacientes que chegaram para mim eram crianças com dengue.
Complexo B
A respeito dos remédios para a prevenção da doença, Danieli é cautelosa,
- Não há nada comprovado, mas algumas pessoas tomam Complexo B para prevenir a picada. Nunca li sobre isso em publicação nenhuma, então não sei se funciona com certeza, mas a informação é de que o remédio deixa o suor com um odor que espanta o inseto.
Mãe de Giovanna, de 2 anos, Danieli prefere proteger a menina apenas com repelente infantil, que ela admite estar tendo dificuldade para encontrar nas farmácias e supermercados.
- O ideal é passar o produto de quatro em quatro horas.
(Jornal do Brasil, 11/03/2008)