A coincidência da data de abertura da 9ª edição da Expodireto Cotrijal com o primeiro dia de vistorias às fazendas gaúchas pela comitiva européia fez com que o tema carne fosse destaque durante o lançamento do evento, realizado ontem em Não-Me-Toque. A abertura oficial contou com a participação de diversas autoridades, entre elas o ministro da Agricultura Reinhold Stephanes, e a governador Yeda Crusius.
Em seu discurso no palco da Expodireto, o embargo da União Européia à carne brasileira foi o tema que prevaleceu. "O importante é que o mercado europeu esteja aberto ao produto brasileiro". Segundo ele, ao manter as exportações, o Brasil evita possíveis reflexos do problema para terceiros mercados, que poderiam deduzir a existência de problemas sanitários. Stephanes relatou que a União Européia sofre grande pressão dos produtores europeus, que abastecem 95% do mercado doméstico do bloco. A região, lembrou ele, exigiu dos fornecedores regras rígidas de sanidade, feitas pensando na prevenção à doença da vaca louca. "O Brasil aceitou estas regras, baixou suas normas e, no final, acabou não cumprindo suas próprias normas", resumiu.
Na medida em que mais propriedades atenderem às exigências, serão incorporadas à lista daquelas habilitadas à exportação, reiterou Stephanes. Ele previu que até o final do ano a situação deve estar normalizada, apostando na inclusão de 4 a 5 mil propriedades na lista.
Um dos destaques da agenda de ontem da feira foi o lançamento da linhagem de suínos MS 115, a terceira geração do suíno light com maior potencial para ganhar peso e com o mesmo percentual de gordura e menor exigência de ração. "O animal representa, por isso, ganho de produtividade", disse o chefe-geral da Embrapa Suínos e Aves, Elsio Antonio Pereira de Figueiredo. Para ele a MS 115 assegura mais carne e melhor rentabilidade na suinocultura brasileira. "Fizemos testes comparativos rigorosos com as melhores linhagens disponíveis hoje no mercado e o novo reprodutor da Embrapa apresentou ótimos resultados. Estamos seguros em relação à qualidade e à competitividade da linhagem que estamos ofertando ao mercado", informou.
A inauguração do Pavilhão da Agricultura e Agroindústria Familiar também movimentou o primeiro dia da Expodireto. O espaço tem capacidade para abrigar 72 agroindústrias mantidas por pequenos produtores e 20 expositores de artesanato. O local tem 3 mil metros quadrados e foi construído em 45 dias. "Esta obra é uma conquista e um exemplo de empreendedorismo que fortalece a agroindústria como um importante segmento da agricultura familiar", observa o presidente da Emater/RS, Mario Nascimento. Para o presidente da Fetag, a agroindústria familiar ajuda a agregar mais renda aos produtores e favorece o surgimento de novas oportunidades. "É um motivo de alegria ter este espaço específico para os produtores familiares gaúchos", ressalta Elton Weber.
O presidente da Cotrijal, Nei Mânica, afirmou que no ano passado a comercialização chegou a R$ 145 milhões, 190% maior que na edição anterior. Em função das perspectivas de uma grande safra deste ano, os cinco dias de feira deverão superar estes números, garantindo bons negócios entre seus mais de 300 expositores. Em seu discurso, a governadora Yeda Crusius destacou o bom momento da safra gaúcha como propulsor dos bons negócios na feira. "A safra extraordinária que se aproxima, mesmo com dificuldades localizadas em função da estiagem, asseguram o sucesso desta nova edição. Os bons resultados do agronegócio impulsionam as vendas no setor de máquinas e, assim, a movimentação neste parque será intensa", previu.
(JC-RS, 11/03/2008)