Cerca de 30 ativistas do Greenpeace protestaram na manhã de segunda-feira (10/03), durante a Semana do Consumidor, em frente à sede da empresa Vigor, em São Paulo, e exigiram que a empresa informe os brasileiros se usa ou não ingredientes transgênicos em seus produtos. Os ativistas se acorrentaram à entrada da empresa e colaram um cartaz na fachada do prédio, com a pergunta "Vigor: vai rotular?". Desde 2004, o Brasil possui um Decreto (4.680/03) que obriga a rotulagem de todos os produtos fabricados com mais de 1% de ingredientes transgênicos em sua matéria prima.
Desde 2002, quando foi editada a primeira versão do Guia do Consumidor , o Greenpeace tem tentado contato com a empresa. A última tentativa aconteceu em agosto de 2007, quando a própria Vigor procurou o Greenpeace pedindo informações sobre os procedimentos necessários para que a empresa fosse incluída na lista verde do Guia do Consumidor. Ao receber as informações, no entanto, não mais se manifestou. Em fevereiro deste ano, uma nova correspondência foi encaminhada à empresa, mas novamente não houve resposta.
"Uma empresa séria não pode esconder esse tipo de informação do consumidor. A Vigor precisa declarar publicamente se usa ou não transgênicos em seus produtos", afirmou Gabriela Vuolo. "E se usar, vai ter que rotular para se adequar à legislação brasileira". O Greenpeace irá encaminhar uma representação ao Ministério Público, pedindo que investigue a situação da Vigor e a ausência de rótulo adequado em seus produtos. Recentemente, o Ministério Público Estadual de São Paulo iniciou uma ação civil pública que obrigou as empresas Bunge e Cargill, que fabricam os óleos Soya e Liza respectivamente, a rotularem seus produtos como transgênicos.
“A iniciativa do Ministério Público foi fundamental para garantir o direito dos consumidores de saber o que estão comprando. Mas é um absurdo que os primeiros produtos rotulados como transgênicos só tenham chegado aos supermercados quatro anos depois de o decreto ter entrado em vigor”, disse Gabriela. A Vigor, também proprietária das marcas Leco e Danúbio, é uma das poucas fabricantes de margarinas e maioneses além da Bunge e da Cargill.
Desde novembro de 2007, a Vigor é controlada pelo grupo Bertin, cujo carro chefe é a pecuária e que vem sendo apontado como um dos responsáveis por estimular o desmatamento da floresta amazônica no sul do Pará.
O protesto realizado nesta segunda-feira marca o início da Semana do Consumidor, durante a qual vamos alertar a população brasileira sobre os riscos que os produtos transgênicos representam ao meio ambiente, além de expor ao público a postura das principais empresas de alimentos do país quanto à informação que disponibilizam à população sobre utilização de transgênicos na fabricação de seus produtos.
Guia do Consumidor: o direito à informação e à escolha
Uma das principais ferramentas durante as atividades programadas será o Guia do Consumidor do Greenpeace, que desde 2002 tem ajudado os consumidores brasileiros a se informarem sobre a real composição dos produtos vendidos no país. Mais de 100 empresas de alimentos foram contatadas e questionadas sobre a utilização de ingredientes transgênicos em seus produtos. As empresas que não respondem ou que não fazem controle adequado para evitar a contaminação por matéria-prima geneticamente modificada são listadas no guia impresso.
No site do Greenpeace é possível consultar a lista completa de empresas que já se comprometeram a não usar transgênicos em sua linha de produção. Há também uma nova seção de consumidores no site, com informações sobre receitas elaboradas sem transgênicos, entrevistas com chefs que dão preferência a produtos orgânicos e idéias de atitudes cotidianas para consumir responsavelmente.
(Envolverde/Greenpeace, 10/03/2008)