Os postos de gasolina da região autônoma de Guangxi, no sul da China, passarão em abril a ser obrigados a só negociar gasolina e óleo diesel que tenham 10% de álcool na fórmula, sendo proibidos de vender os combustíveis puros. Quem desrespeitar a ordem poderá receber multa de 10 mil a 50 mil yuans (R$ 2.382 a R$ 11.910).
A medida tem por objetivo diminuir a poluição e fomentar a economia local, que produzirá o álcool à base de mandioca. Essa é a primeira vez que uma Província da China substitui totalmente o consumo de derivados do petróleo puro por uma mistura que leva biocombustível, destacou Li Jinzao, delegado do Partido Comunista, em declaração à agência de notícias estatal Xinhua.
Pelo menos outras oito regiões da China também já promovem parcialmente a mistura de 10% de etanol nos combustíveis fósseis, mas Guangxi é a única a proibir o comércio de gasolina e diesel puros e de ter uma produção de álcool comercial que não utiliza milho como matéria-prima.
Economia
Segundo números citados pelo governo da Província, a adição de 10% de etanol aos combustíveis fósseis reduz as emissões de monóxido de carbono (CO) entre 25% e 30% e as de dióxido de carbono (CO2) em 10%. Guangxi é uma das regiões mais pobres da China. A renda per capita anual de um agricultor da Província é de 2.770 yuans (R$ 660), ou 33% abaixo da média nacional, segundo o governo local.
A colheita anual média de mandioca de Guangxi é de seis milhões de toneladas, o que representa mais de 60% de toda a produção nacional da raiz, de acordo com dados da imprensa estatal. Com o uso do etanol a base do tubérculo, as autoridades esperam gerar mais de 720 milhões de yuans (R$ 171 milhões) de renda para os agricultores.
Em dezembro passado foi inaugurada na cidade de Beihai, em Guangxi, a primeira usina de processamento de etanol, que tem capacidade para produzir 200 mil toneladas do combustível por safra. Estudos para a construção de outras três usinas estão em andamento.
Milho
A China tem planos para dobrar a sua capacidade de processar etanol dentro dos próximos três anos. O país espera pular de 1 milhão de toneladas para 2 milhões de toneladas ao ano até 2010 e possivelmente chegar a 10 milhões de toneladas por ano em 2020.
Em julho do ano passado o governo anunciou a proibição do uso de milho para a produção do biocombustível, depois que o preço sofreu forte alta devido a escassez. As regiões que fabricam o etanol de milho têm um prazo de cinco anos para se adaptar e substituir o ingrediente por outra matéria-prima.
(Globo Online, Ambiente Brasil, 11/03/2008)