Mudanças climáticas, aquecimento global e efeito estufa são coisas diferentes, mas estão inter-relacionadas. Diante de confusões comuns entre os três termos, a observação foi feita pelo glaciólogo da UFRGS, Jefferson Cardia Simões, em seu painel na manhã deste sábado (08) durante a etapa gaúcha da Conferência Nacional do Meio Ambiente, que terminou no final do domingo, em Porto Alegre.
Efeito estufa é um fenômeno natural. No entanto, algumas atividades humanas contribuem para a elevação dos gases do efeito estufa e os principais são o dióxido de carbono, o metano e o óxido nitroso. Conforme Cardia Simões, o IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima) prevê que se até 2010 nada for feito, os gases do efeito estufa serão quatro vezes maior do que as concentrações normais.
Quanto às mudanças climáticas, o glaciólogo afirmou que elas sempre ocorreram e vão continuar a acontecer. “Por isso, há que se ter cuidado ao atribuir ao homem os efeitos das mudanças climáticas, por exemplo a seca de 2004”, falou Cardia Simões. Especificamente para o Rio Grande do Sul ele apresentou dados, mostrando que entre 1961 e 2006 a temperatura aumentou 0,5° centígrados. “Mas há épocas em que a temperatura caiu”, acrescentou.
Outra grande preocupação e que costuma ser alardeada como catastrófica é a elevação dos oceanos. Cardia Simões disse que na previsão do IPCC, até 2100, o aumento médio do nível dos mares ficará entre 18 e 59 centímetros.
O doutor em ecologia e professor do Departamento de Paleontologia e Estratigrafia da UFRGS, Rualdo Menegat, falou sobre as cidades e os distúrbios ambientais. “Precisamos rever os conceitos de progresso e migrar para a visão de desenvolvimento sustentável das cidades, que tem a ver com a etno-cultura e tecnologias. Essas estão sempre dentro de uma cidade/aldeia, que, por sua vez, está inserida em um ecossistema”, falou Menegat. Ele acrescentou que o consumo acontece de uma maneira voraz e com tamanha velocidade que não há engenharia capaz de dar conta dos resíduos. Além disso, há a transferência do custo ambiental, ou seja, uma cidade joga para outra os seus dejetos. “Isso acontece especialmente do primeiro mundo empurrando para o terceiro mundo”, afirmou. Menegat ressaltou que a questão ambiental é de formação, mas é também de informação de cada um.
O analista ambiental do Ministério do Meio Ambiente, Luis Eduardo Tinoco, também apresentou painel sobre efeito estufa. Ele destacou o enfoque da mitigação, ou seja, ações para reduzir os gases estufas, e da adaptação às mudanças climáticas.
Pela tarde, foram formados grupos de trabalho por eixos temáticos: Mitigação, Adaptação, Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico, Educação e Cidadania Ambiental. Os subtemas dentro desses eixos são florestas, agropecuária, energia, resíduos, edificações, indústria, transporte, saúde, recursos hídricos, zona costeira e marinha, agropecuária, assentamentos humanos e ecossistemas naturais. No domingo (09), durante o dia, serão apresentados os relatórios dos grupos de trabalho.
Depois, serão eleitos no máximo 60 delegados, por setor, que irão a Brasília, em maio, representar o Rio Grande do Sul na Conferência Nacional do Meio Ambiente.
(Sema, 10/03/2008)