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impactos mudança climática
2008-03-10

Os líderes europeus foram alertados para se prepararem para novos fluxos migratórios de grande dimensão por volta de 2020, já que a mudança climática reduz os suprimentos de alimentos e água, provoca desastres naturais e mina a estabilidade política em países vizinhos pobres.

Um relatório preparado para os chefes de governo da União Européia, que estarão reunidos na próxima quinta-feira em Bruxelas, adverte que o resto do mundo não será capaz de se isolar do impacto provocados pelo aquecimento global, que poderão devastar regiões já flageladas pela pobreza e os conflitos.

Segundo o documento, as ameaças são tão graves que o sistema multilateral de governança global poderá correr perigo caso a comunidade internacional não seja capaz de enfrentá-las. "Devido à sua proximidade da África e do Oriente Médio, duas regiões vulneráveis às pressões provocadas pela alteração climática, a pressão migratória nas fronteiras da União Européia, assim como a instabilidade política e o conflito, poderão aumentar no futuro", adverte o relatório.

No norte da África e na região subsaariana, as secas e a agricultura irracional poderão provocar uma perda de 75% das terras aráveis. O delta do Nilo poderá ser ameaçado tanto pela elevação do nível do mar quanto pela salinização das terras agrícolas. É possível que de 12% a 15% das terras aráveis sejam perdidas para os mares e oceanos em elevação neste século, afetando cinco milhões de pessoas até 2050. Ao mesmo tempo, tanto o Chifre da África quanto o sul daquele continente são regiões vulneráveis à redução da pluviosidade e às temperaturas elevadas.

"É provável que se intensifique a migração com o objetivo de alcançar a Europa, não só a partir destas áreas, mas também de outras regiões no norte da África", alerta o relatório. O documento, que será apresentado pelo chefe de política externa da União Européia, Javier Solana, arrola uma série de fenômenos que poderiam desestabilizar as nações pobres, incluindo a elevação do nível dos mares, uma redução das terras aráveis, secas, enchentes, falta d'água e diminuição das fontes de alimentos, incluindo o pescado.

Tais pressões poderão também levar a mais disputas por território e suprimentos de água, exacerbando tensões sociais e religiosas e acirrando a radicalização por parte dos pobres. A competição pelas reservas de energia provavelmente aumentará, e um ponto de atrito poderá ser o Ártico, onde o derretimento das calotas polares está abrindo novas vias navegáveis e tornando acessíveis reservas enormes de hidrocarbonetos.

No ano passado, o Reino Unido declarou na Organização das Nações Unidas (ONU) que existem poucas ameaças maiores para a segurança global do que a mudança climática, e previu que a competição por alimentos, água e terra poderá gerar conflitos armados.  Mas alguns diplomatas europeus argumentam que, apesar de a mudança climática ocupar um espaço privilegiado na agenda política, o foco tende a se concentrar em questões mais específicas como as metas de redução das emissões de carbono.

Os chefes de governo da União Européia provavelmente solicitarão propostas mais detalhadas sobre a mudança climática e a segurança até o final do ano. Mas o estudo de Solana recomenda que se intensifiquem as pesquisas e o monitoramento, de forma que a Europa seja avisada com antecedência de desastres iminentes. O relatório recomenda ainda a melhoria da capacidade de proteção civil.

Ele também sugere mais cooperação internacional para o combate tanto à mudança climática quanto aos seus efeitos, e a introdução de uma "diplomacia de carbono" nas negociações da União Européia com os outros países. No relatório de quinta-feira, líderes da União Européia reavaliarão a meta estabelecida no ano passado de redução das emissões de carbono em 20% até 2020. Conclusões preliminares para a reunião sugerem que deverá haver um acordo quanto à meta "como um pacote coerente até o final de 2008", e que leis relativas a ela deverão estar em vigor no início de 2009.

Mas o documento de Solana também informa que, mesmo se até 2050 o mundo conseguisse reduzir as emissões de carbono para níveis inferiores à metade daquele registrado em 1990, seria difícil evitar uma elevação da temperatura global da ordem de 2°C. "A mudança climática e o seu impacto sobre a segurança já são uma realidade", afirma uma autoridade graduada da União Européia que trabalha com a questão. "Uma forma melhor de encará-la é como um fator multiplicador de estresses e ameaças que agravarão as tensões e as ameaças já existentes".

O documento sugere que a mudança climática poderá provocar migrações, incluindo mudanças populacionais internas, em países nos quais o sistema de saúde deixa a desejar, o desemprego é alto e a exclusão social é generalizada. "As Nações Unidas prevêem que haverá milhões de 'migrantes ambientais' por volta de 2020, sendo que a alteração climática será um dos principais causadores desse fenômeno", ressalta o documento. "A migração poderá intensificar os conflitos em países "de trânsito" e de destino. A Europa pode esperar um aumento substancial da pressão migratória".

No Oriente Médio, os sistemas aqüíferos já estão sob intensa pressão, e há previsões de reduções significativas das colheitas. A mudança climática também poderá ter um impacto drástico sob o sul da Ásia, com sérias conseqüências para a Europa devido aos vínculos comerciais e financeiros da União Européia com aquela região. Os níveis elevados dos mares poderão ameaçar quase dois bilhões de pessoas, porque quatro entre cada dez indivíduos na Ásia vivem em uma faixa territorial de 60 quilômetros de largura a partir da costa. A Ásia Central, a América Latina e o Caribe também poderão padecer de falta d'água e de redução da produtividade agrícola.

(Por Stephen Castle, Herald Tribune, tradução UOL, 10/03/2008)


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