Um estudo do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), de São José dos Campos, revela alguns efeitos gerados pela poluição da região metropolitana de São Paulo. Ela pode afetar os moradores de cidades a 600 quilômetros de distância. Cachoeira Paulista, por exemplo, não tem grandes indústrias e nem trânsito intenso. Mas tem poluição.
A poluição encontrada na cidade é produzida na Região Metropolitana de São Paulo, a 200 quilômetros de distância. Um estudo feito por pesquisadores do Inpe mostra que dependendo das condições de umidade e de vento, os poluentes podem chegar ainda mais longe.
Para os paulistanos, a poluição também está pior.
De acordo com a Cetesb, o padrão aceitável de ozônio na atmosfera foi ultrapassado 46 vezes em 2006 e 67 vezes em 2007. Até então, o ozônio vinha apresentando queda desde 2002 no número de ultrapassagens do padrão aceitável. Segundo Carlos Komatsu, gerente de departamento de tecnologia do ar da Cetesb, mais de 95% da poluição dos gases que compõem o ozônio são provenientes dos automóveis.
A região Sudeste aparece como a mais poluída do país. No horário de maior intensidade, pela manhã, a mancha cobre todo o estado de São Paulo. A poluição gerada na capital chega a cidades do extremo-oeste e atinge o oceano. No Vale do Paraíba, a situação é ainda mais grave por causa da Via Dutra, onde passam 150 mil veículos por dia.
O resultado é um corredor de poluição entre São Paulo e Rio de Janeiro. O pesquisador Saulo Freitas estuda o assunto há seis anos sempre tomando como base a quantidade de partículas de ozônio e monóxido de carbono. Ele diz que a tendência é que as cidades pequenas passem cada vez mais a respirar o ar dos grandes centros.
A quantidade de ar poluído que chega nas cidades remotas não é nada muito crítico na situação atual. Mas isso pode se agravar em função do aumento da emissão de São Paulo e também em função do aquecimento global. Se não houver controle de automóveis, melhorar a quantidade dos combustíves fósseis utilizaods, com o aumento do uso e da emissão pode se agravar bastante a questão da poluição na próxima década - afirma.
(O Globo, 09/03/2008)