Em plena “euforia” no Rio Grande do Sul, como pronunciou uma fonte do governo, devido ao aceno do governo Lula de concretizar projetos das UHE´s Pai Querê e Garabi, pouco ou nada se fala do que ocorre no canteiro de obras da Usina Hidrelétrica Foz do Chapecó, localizada entre Águas de Chapecó (SC) e Alpestre (RS). Pois, o que ocorre, segundo fonte do Movimento dos Atingidos por Barragens, MAB – de onde provêm pessoas que sofrem as conseqüências sócio-econômicas do barramento de rios-, é uma paralisação dos barrageiros em busca de melhores condições de trabalho.
A situação se “arrasta” há mais de três meses, tendo explodido no último domingo quando um grupo de funcionários teria saído sem permissão do canteiro de obras e, ao tentar retornar, teria sido agredido fisicamente pela segurança. “Eles não podem sair porque enquanto não trabalham, devem descansar. A obra funciona três turnos e está 30% adiantada,” contou.
A precariedade nas condições de trabalho enfrentadas pelos barrageiros em Foz do Chapecó é citada em um jornal catarinense: aumento de salário, mais horários de ônibus e ampliação do atendimento médico. O desinteresse da imprensa gaúcha em divulgar a pauta pode ser porque já tenha optado por apoiar a construção das UHE´s Pai Querê e Garabi, mesmo sem ter participado de nenhum debate sobre os ultrapassados projetos elaborados há cerca de 30 anos.
Será que as pessoas que vivem nas cidades às margens do rio Uruguai querem passar por situação semelhante? Será que têm conhecimento do impacto social da chegada de mais de três mil trabalhadores, sendo mais de 90% - numa expectativa do MAB-, proveniente de outros estados, principalmente da região Nordeste do Brasil, vivendo longe das famílias e sem poder enviar o prometido, dinheiro e esperança de melhores condições de vida?
Não são apenas os forasteiros das barragens da UHE Foz do Chapecó que estão desiludidos. Das 3.500 famílias desabrigadas, 15% estão em negociação com o consórcio responsável pelo empreendimento. E 200 famílias já tiveram seus pedidos negados. Para onde vão? Esta é mais uma luta do MAB daqui para frente.
O Núcleo Amigos da Terra Brasil denuncia a violência praticada contra a natureza, a identidade local, a economia destes municípios que, iludidos com o discurso do crescimento econômico, esquecem-se que, antes deste, deve vir o desenvolvimento sustentável em prol do bem-estar dos cidadãos e das novas gerações. E renova o convite: participem do Fórum das Hidrelétricas no próximo dia 13. Autoridades dos governos federal e estadual além de biólogos farão o debate e, quem estiver presente, vai no mínimo ficar mais informado.
Usina Hidrelétrica Foz do Chapecó:- Além dos conflitos sociais um dos impactos mais relevantes é o provável desaparecimento de sítios arqueológicos na região
- integra o Programa de Aceleração do Crescimento
- Custo estimado: R$ 2,2 bilhões
- potência: 855 megawatts (MW)
- empreendedores: CPFL, Furnas e Companhia Estadual de Geração e Transmissão de Energia Elétrica (CEEE-GT)
- início das obras: dezembro de 2007
- previsão de conclusão: 50 meses
- funcionamento: 2010
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Nat/Brasil, 05/03/2008)