Há poucos anos atrás, os carros com propulsões alternativas eram confinados a um pequeno espaço e a algumas barracas do lado de fora do Palexpo, o grande centro de exposições (77.500 km2) em que ocorre o salão de Genebra.
A novidade é que a ecologia virou argumento de venda e não há mais uma única grande montadora que não apresente pelo menos um modelo hibrido, flex, elétrico ou mesmo movido a hidrogênio.
O maior bode expiatório
Como o automóvel é acusado de ser, justa ou injustamente, um dos principais agentes poluidores do planeta, a indústria automobilística vem se esforçando para criar veículos menos poluentes e mudar sua imagem. Em todo o caso, mais do que outros setores industriais, a agricultura ou a construção civil.
Ao mesmo tempo em que ainda evoluem os motores tradicionais a explosão, multiplicam-se os híbridos e os elétricos. A Toyota lança o menor carro de sua linha, o IQ, com produção prevista para 2009, que promete fazer 100 km com 2 litros de gasolina e emitir apenas 99 g de C02 por quilômetro.
O modelo Prius, híbrido elétrico-gasolina, continua a ser vendido principalmente na Europa. A previsão de vendas para este ano é de 70 mil unidades. A Toyota também apresenta o irmão menor do Prius, o I/X e um um protótipo elétrico de um veículo individual de três rodas, batizado de iReal.
Várias soluções
Os volumes de emissões de C02 também são claramente expostos no estande da alemã BMW, cujos veículos emitem de 119 a 140 g de C02 por km, dependendo do modelo.
Nos Estados Unidos, a frota de veículos com motores convencionais continua enorme, mas agora também começam a surgir os primeiros híbridos. Para dar apenas dois exemplos, a Chevrolet traz a linha HHR, com vários modelos a etanol. A Cadilac apresenta um Suv do tamanho habitual híbrido diesel-etanol.
A General Motors apresenta sua tecnologia GM HydroGen 4, com um motor de quarta geração, mais durável e estável que os precedentes, segundo a empresa. O sistema produz mais de 93 kw e, acoplado a um motor elétrico 73 kw/100 ps, atinge aceleração de 0 a 100 km em 12 segundos. O sistema produz 4,2 kg de hidrogênio para uma autonomia de 320 km, de acordo com a GM.
Há ainda alguns modelos a gás e biogás, que suscitam um interesse crescente, embora ainda marginal na Suíça. Segundo a companhia GazMobile, em 2007 havia 6 mil veículos com essa tecnologia matriculados na Suíça. Quase uma centena de postos abastecem gás no país. O gás atualmente é 30% mais barato do que a gasolina e o diesel e as emissões de C02 são 25% inferiores às de outro veículo comparável.
Pequenos são as vedetes
Os chineses estão presentes pela primeira vez e com vários modelos ...híbridos. Nenhum desses modelos está homologado na Europa, mas um engenheiro presente disse que eles esperam obter as homologações dentro de dois anos no máximo.
Os japoneses são os mais avançados nas novas tecnologias. A Mitsubish vai começar a produzir em série no ano que vem, inicialmente somente no Japão, o I Miev, inteiramente elétrico. Com autonomia de 140 km e velocidade de até 130 km/hora, a bateria é recarregada em 7 horas em uma tomada convencional de 220 V.
Questionado se vai haver apagão se forem vendidos milhares de Miev, um funcionário da Mitsubish sorriu e balançou a cabeça em sinal de sim.
Os carros pequenos e urbanos, que consomem pouco, são as vedetes do 78° Salão deste ano. Além do IQ da Toyota, tem o novo Fiat 500, cujo primeiro modelo foi lançado em 1957, eleito o carro do ano em 2008 pela imprensa especializada.
E tem sobretudo o Nano, da indiana Tata (associada à Toyota), que todos querem ver. É o carrinho mais barato do mundo (2.200 dólares), em duas versões, mas que os indianos, no Salão de Genebra, só deixam ver de longe.
(Por Claudinê Gonçalves,
swissinfo, 06/03/2008)