Um grupo de mulheres integrantes da Via Campesina entregou nesta quinta-feira (06)ao ministro Tarso Genro (Justiça) um documento relatando os supostos abusos praticados pela Brigada Militar do Rio Grande do Sul na última terça-feira. Durante operação militar para cumprir mandado de reintegração de posse da fazenda Tarumã, em Rosário do Sul (RS), 59 mulheres e dez crianças ficaram feridas.
Os deputados Luciana Genro (PSOL-RS), Dr. Rosinha (PT-PR) e Adão Preto (PT-RS) participaram da audiência com o Tarso Genro. A assessoria do ministro ainda não confirmou o encontro.
As manifestantes, que organizaram a invasão também para marcar o Dia Internacional da Mulher, afirmam que foram agredidas até mesmo quando estavam rendidas. A Brigada Militar nega.
O grupo formado apenas por mulheres e crianças protestava contra a exploração da área pela empresa sueco-finlandesa Stora Enso.
Segundo a assessoria da Via Campesina, o movimento também espera providências do governo sobre a suposta criação, pela Stora Enso, de uma empresa brasileira --a Azenglever-- para conseguir terras na região próxima à fronteira no Rio Grande do Sul. O caso já está sendo investigado pelo Ministério Público Federal.
Depois de entregar o documento para Tarso Genro, as mulheres participam da audiência pública sobre o tema "A mulher nos espaços de poder", evento que deu início às atividades no Senado em comemoração ao Dia Internacional da Mulher.
Durante a audiência, a agricultora gaúcha Maraísa Talaska relatou aos presentes as agressões praticadas pela Brigada Militar.
Após a participação da audiência no Senado, as mulheres se reuniram com o ouvidor nacional da Secretaria Especial de Direitos Humanos, Fermino Fecchio, para relatar o episódio ocorrido em Rosário do Sul.
Ainda hoje, as mulheres da Via Campesina deverão se reunir com representantes das embaixadas da Finlândia e da Suécia para relatar a situação da Stora Enso.
(Folha Online, 06/03/2008)