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termelétricas no Brasil grupo ebx/eike batista
2008-03-07
A siderúrgica do Pecém ainda não entrou em operação, mas já é motivo de muita polêmica.  Em assembléia realizada ontem, em São Gonçalo do Amarante, foram muitas as críticas e dúvidas expostas sobre os impactos ambientais que o empreendimento pode trazer

"Atenção: nós, pescadores de São Gonçalo do Amarante, aguardamos ansiosos a implantação da siderúrgica em nosso município querido.  Mas ficaremos de olho no destino que será dado aos resíduos tóxicos e certamente não permitiremos que sejam jogados nos nossos mananciais aquáticos".  O aviso, escrito em uma faixa, expressava bem o clima de desconfiança que marcou a assembléia pública sobre os impactos da futura siderúrgica do Pecém, realizado ontem na localidade.

Centenas de representantes dos moradores, entidades ambientais, políticos, técnicos do Governo do Estado e representantes da MPX - empresa que irá construir a termelétrica necessária para o funcionamento da usina - estiveram presentes ao evento.  Entre discursos de críticas aos empreendimentos, por parte dos ambientalistas, e garantias de que o investimento traz mais benefícios que prejuízos, vindos dos favoráveis à siderúrgica, a população expressava o seu temor e a necessidade de discutir mais o tema.

"O município está disposto a implantar a siderúrgica e a termelétrica.  Mas queremos discutir o assunto com a população.  Qual o preço ambiental a ser pago?", questionou o prefeito da cidade da qual Pecém é distrito, Walter Ramos.  Um dos principais problemas levantados por ele foi a mudança do combustível usado pela termelétrica.  Devido a problemas no abastecimento de gás natural, optou-se por usar o carvão, combustível com alto índice de emissão de partículas sólidas e de poluentes.  "Ficamos sabendo dessa mudança pela imprensa", disse Walter Ramos.

De acordo com a Comissão do Meio Ambiente e Desenvolvimento do Semi-Árido da Assembléia Legislativa, que organizou a audiência pública, só a siderúrgica deverá consumir a quantidade de água de uma cidade de 90 mil habitantes, gerando 1,3 milhão de m³ de esgoto por ano.  Já o carvão usado na termelétrica, segundo a professora Raquel Rigotto, do Departamento de Saúde Comunitária da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC), gera emissão de CO2 (um dos responsáveis pelo efeito-estufa, que provoca o aquecimento do planeta), enxofre e elementos como o benzeno, elemento químico que pode causar leucemia.

Ela ressaltou ainda, na audiência, que o alto potencial de emissão de partículas sólidas do carvão é um risco a mais para a saúde dos moradores da usina.  "A geração de 10 microgramas a mais de material particulado na atmosfera implica em aumento de 12% no número de internações, por doenças respiratórias, em pessoas de 13 a 19 anos", afirmou.

De acordo com a Comissão do Meio Ambiente da Assembléia Legislativa, a audiência de ontem foi a segunda sobre o tema.  A primeira aconteceu em novembro do ano passado.  Ainda não há previsão para uma próxima, mas outras podem ser realizadas para continuar o debate.

Filtragem reduz emissão de fuligem do carvão

De acordo com Paulo Monteiro, diretor de novos negócios e meio ambiente da MPX, empresa responsável pela termelétrica necessária para o funcionamento da siderúrgica, a imagem que as pessoas têm da queima de carvão, com a fumaça preta repleta de fuligem saindo de chaminés, faz parte do passado.  Ele garantiu que, com a tecnologia atual de filtragem, é possível reduzir em 99% a emissão de particulados.

Além disso, o dióxido de enxofre e o óxido de nitrogênio, dois dos componentes mais tóxicos gerados pela queima do carvão, serão eliminados, na termelétrica, em quantidades até menores que as exigidas pelo Banco Mundial na concessão de créditos para empreendimentos com impacto ambiental.  "E o material usado nos filtros pode ser destinado a aterros sanitários ou para a indústria de cimento", completou.  Já para amenizar a emissão de CO2, um dos gases causadores do efeito-estufa, Monteiro informou que a futura termelétrica prevê ações de florestamento de áreas degradadas e projetos de uso de microalgas para devolver à atmosfera o equivalente em oxigênio.

Eduardo Diogo, diretor de desenvolvimento setorial da Agência de Desenvolvimento do Estado do Ceará (Adece), acrescentou que a população pode ficar tranqüila em relação aos futuros empreendimentos.  "A implantação de qualquer empreendimento no Pecém só vai ser feita dentro de padrões ambientais que não tragam impacto para a saúde da população", assegurou.  Por fim, ele lembrou que a construção da siderúrgica não elimina a possibilidade de explorar outras atividades econômicas na região.  "Ela não vai excluir o turismo no Pecém e na Taíba", disse.

Na assembléia pública de ontem não houve representantes do consórcio que irá construir a siderúrgica do Pecém, formado pela coreana Dongkuk e a brasileira Vale do Rio Doce.  O POVO tentou falar com o executivo do empreendimento, Maurício Chu, mas as ligações para o celular não foram atendidas.

(O Povo, 06/03/2008)


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